segunda-feira, 20 de outubro de 2014 | |

Por um debate racional

No atual debate eleitoral (como de resto em praticamente todos), impera uma grande dose de irracionalidade. Ela começa pela dificuldade de reconhecer acertos alheios. Algo que passa, reconheço, pela imaturidade do eleitor de distinguir um eventual gesto desse porte, como ocorreu no início do governo Dilma Rousseff, quando a atual presidente enviou uma carta elogiosa ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em razão do aniversário de 80 anos dele.

Para o bem da sociedade e da verdade, seria necessário que tucanos e petistas começassem por reconhecer os esforços bem sucedidos de cada governo antes de somente lhes apontar os erros. Isto ajudaria a colocar mais racionalidade no debate para discutir o que de fato interessa – os projetos de futuro.

Tal verdade, inconteste pelos desapaixonados, pode ser resumida pelo que escreveu recentemente na “Folha de S. Paulo” o vice-presidente do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Marcos de Barros Lisboa:

No governo FHC ocorreram importantes avanços como a universalização da educação fundamental, os aumentos do salário mínimo e a introdução das políticas de transferência de renda. 
 A agenda social continuou no governo Lula, que teve o mérito de conceder-lhe maior proeminência na política. Reflexo de um país em que, finalmente, após mais de uma década de aperfeiçoamentos na condução da macroeconomia e reformas institucionais, a economia se tornara menos relevante, porque menos problemática. 
 Entre 2001 e 2009, o maior crescimento econômico, o desempenho do mercado de trabalho e o reajuste do salário mínimo, beneficiados pelo cenário externo e ganhos de produtividade, permitiram a melhora da qualidade de vida e a queda da desigualdade.

Apenas para documentar o que petistas fazem questão de negar, a respeito da origem das ações de transferência de renda, numa tentativa desonesta de apagar a história, eis a lei (10.836/04) que criou o programa Bolsa-Família:

        Art. 1o - Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.
         Parágrafo único - O Programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001.

Como também é verdade o que (honestamente) registrou o "Blog da Cidadania", um ferrenho defensor do petismo, por ocasião da carta de Dilma:

FHC foi realmente responsável pela estabilização da moeda. Lateralmente, mas foi. Não era economista, não criou nada, mas a imagem pública e internacional que detinha deu credibilidade ao plano. 
Lamentavelmente, porém, visando seu próprio projeto político, para arrancar do Congresso a emenda constitucional da reeleição e para efetivamente se reeleger FHC postergou a liberação da taxa de câmbio e, assim, produziu uma catastrófica crise cambial no país.

E contra fatos, só podem haver falácias, sofismas e mentiras. Nada mais.

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