domingo, 14 de setembro de 2014 | |

A força misteriosa que muda as sociedades

(...) Gostamos de descrever nossos valores em termos de uma moral absoluta, mas a realidade é mais complexa. Ainda que certas intuições morais sejam universais, é grande o espaço que a cultura tem para moldá-las. (...)

Como e por que o "Zeitgeist" (espírito do tempo) de uma sociedade se modifica permanece um mistério. Mas, felizmente, ele muda. Apenas 50 anos atrás, um país desenvolvido como os EUA ainda mantinha leis segregacionistas. Hoje, qualquer americano educado, que não assoe o nariz na manga da camisa, vê com genuíno horror atos e palavras discriminatórios. No plano do "Zeitgeist" a luta contra o racismo foi vencida. Isso não significa, é claro, que o triunfo tenha chegado às estatísticas sociais.

O ponto que defendo aqui, na esteira de Friedrich von Savigny, é que esse tipo de revolução cultural independe da vontade do legislador. Quando este se digna a aprovar um diploma, é porque a sociedade já chegara muito antes a esse parecer. (...)

Fonte:
Hélio Schwartsman, “Prisioneiros do tempo”, Folha de S. Paulo, Opinião, 14/9/14, p. 2.

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