quarta-feira, 9 de julho de 2014 | |

Sobre um tal 7 a 1

Dizer o que mais além de tudo o que foi dito sobre os 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil na semifinal da Copa?

Que eu havia alertado: o Brasil não tem técnica nem emocional para vencer – o jogo contra os alemães escancarou isto (por mais que a seleção germânica seja melhor tática e tecnicamente que a brasileira, além de estar melhor preparada, nada justificaria a goleada senão a falta de controle dos atletas após tomar um gol).

Um problema, aliás, não só dos nossos jogadores, como bem descreveu Fernando Rodrigues na “Folha de S. Paulo”:

O imaginário local sobre ganhar "em casa" provocou um estado de transe coletivo. A nação escancarou todo o seu atraso civilizatório resumido na dicotomia reducionista e infantil do "é tóis" (o Brasil) contra "eles" (o restante do mundo), como se uma disputa esportiva fosse vital para o país conseguir sanar seus problemas.

Voltando ao jogo, vale o registro do jornalista Juca Kfouri, também na “Folha”:

Jamais havia visto um estado de tamanha perplexidade num estádio e não apenas entre os derrotados. Os vencedores também não esperavam tamanha facilidade, tanta que ficou constrangedor comemorar.

Foi, como registrou o “The New York Times”, "inesperado, histórico, inexplicável".

Eu acrescentaria: inaceitável. “É uma camisa forte demais, pesada demais, importante demais. Não tem o direito de tomar de sete em uma Copa do Mundo. Não tem, não pode. Não tem explicação. Não pode. É proibido”, cravou com razão o historiador Eduardo Bueno, o Peninha, no SporTV.

Antes do confronto com a Alemanha, tínhamos, talvez, os melhores zagueiros da Copa e tomamos gol em praticamente todos os jogos (exceção ao 0 a 0 contra o México). Sinal evidente de que, apesar dos bons zagueiros, o sistema defensivo não funcionava.

E a zaga foi o que tivemos de melhor...

Não tínhamos meio de campo nem ataque – “os piores atacantes (Fred, Bernard e Hulk) de Copa do Mundo que já tivemos”, nas palavras do comentarista Carlos Eduardo Lino, também no SporTV.

Ainda assim, havia chance – o futebol está longe de ser lógico e a própria Copa mostrou isto.

Se houver Justiça, porém, a Alemanha será campeã (porque embora tenha tido dificuldade em algumas partidas, como contra a Argélia, fez ao menos duas belas apresentações, contra Portugal e Brasil, ao contrário da Argentina, que não encantou em nenhum jogo).

Aliás, depois do “Maracanazo” de 1950 e do “Mineirazo” de 2014, nada pior do que a Argentina gritar “é campeã” em pleno solo brasileiro. Os “hermanos” estão na final...

Que semaninha para esquecer!

Que nunca mais inventem de fazer Copa no Brasil...

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