terça-feira, 17 de junho de 2014 | |

Os jornais e o jornalismo têm futuro, diz Carr

(...) Ele (o jornalista David Carr) diz não ser pessimista em relação ao jornalismo e aos problemas que enfrenta devido à queda de circulação dos diários impressos e a competição com a internet.

"Pelo contrário, é uma época estimulante para estar no jornalismo. As pessoas vivem me perguntando se há futuro para o ofício, e eu respondo que, se alguém me dissesse há alguns anos que um blogueiro do (jornal britânico) ‘Guardian’ daria o furo do século, não acreditaria", diz Carr.

"Um fenômeno como o Wikileaks surgiu e precisou de jornais tradicionais para dar forma ao seu conteúdo. E, ainda, o dono da Amazon acaba de comprar o Washington Post'. Não me interesso tanto pelo futuro mais distante, mas sim pelo que vai acontecer agora, e o panorama é estimulante", defende.

Ativo em blog e no Twitter, por outro lado, Carr admite que há um risco na perda de leitores dos jornais impressos, embora reafirme a importância dos grandes jornais.

"Há métodos e modos de tratar certos assuntos, de cobrir os bastidores da política, que não vão ser suplantados por posts no Facebook ou tuítes. Considero ainda importante que existam grandes organizações por trás do ofício."

Para Carr, porém, discutir se o digital matará o impresso é uma abordagem equivocada. "Esses dois mundos já caminham juntos. E já há uma maneira de imaginar novas estratégias, de mudar a relação com o consumidor de notícias e com a produção de conteúdos, integrando novos atores e organizações."

Acrescenta, ainda, que considera as novas gerações muito bem informadas. "Eu convivo com gente jovem, tenho filhas, dou aulas. Eles sabem muito. Pode-se questionar a qualidade, mas não há como negar que a informação tem lugar importante na nossa sociedade", afirma.

Fonte: Sylvia Colombo, "A novela da mídia", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 2/6/14.

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