segunda-feira, 9 de junho de 2014 | |

"Autonomia" universitária: um debate necessário

(...) Trocando em miúdos, não faz muito sentido exigir que os impostos do favelado paulista subsidiem o estudante de medicina ou engenharia da USP, que, apesar dos relevantes serviços que prestarão, serão recompensados com vencimentos 15 ou 20 vezes maiores que a média nacional.

A questão, no fundo, é simples. A menos que incorrêssemos em alíquotas de imposto significativamente maiores que as atuais, o Estado não consegue oferecer "gratuitamente" tudo o que dele se exige. Precisamos fazer escolhas. E aí o caso da universidade é um dos mais difíceis de defender. A educação básica e a saúde, para citar apenas dois itens, me parecem prioridades bem mais claras.

Fonte: Hélio Schwartsman, “Não há almoço grátis”, Folha de S. Paulo, Opinião, 4/6/14, p. 2.

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A seguir, trecho de e-mail que mandei para o Schwartsman a respeito do assunto:

"O modelo das universidades no Brasil já se esgotou. Ou a autonomia é revista (não para derrubá-la, mas ao menos para impor uma espécie de lei de responsabilidade fiscal, ou se institui o modelo que você sugeriu).

Afinal, as universidades públicas paulistas consomem mais de 10% das receitas do ICMS do Estado mais rico da federação, um modelo único no mundo. Parece-me um custo desproporcional no que diz respeito ao conjunto da sociedade.

Ainda mais quando uma universidade comete a irresponsabilidade de comprometer 105% do seu orçamento com salários. Na iniciativa privada isto tem nome: insolvência.

Mas em relação à USP mal se pode tocar no assunto...

Que ao menos as alternativas sejam debatidas com racionalidade, sem dogmatismos ideológicos."

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