quinta-feira, 19 de junho de 2014 | |

A "latinidade" dos nossos vizinhos

Recentemente, tive a oportunidade de entrevistar um peruano e um colombiano. Ambos falaram da Copa do Mundo no Brasil. E manifestaram um sentimento sul-americano que, sinceramente, creio estar um pouco distante de nós, brasileiros.

Ao ser questionado para quem torceria no Mundial, o peruano apontou Brasil e Argentina. Brinquei que ele devia escolher um ou outro, mas não poderia torcer para ambos. A resposta: “Sim, Brasil e Argentina. A Copa é na América do Sul, a taça tem que ficar na América do Sul”.

Já o colombiano disse que torceria, obviamente, para a seleção de seu país e mais o Brasil, a Argentina, o Chile, o Uruguai... “Todos os sul-americanos, a Copa tem que ficar aqui!”, justificou.

É preciso considerar que os dois torcedores não têm seleções com possibilidades reais de ganhar uma Copa – o Peru sequer se classificou para o Mundial. Daí a opção por outros países.

Para nós, brasileiros, vislumbrar o título para o Brasil é algo factível. Impensável, portanto, escolher outra seleção.

Feita a ressalva, não posso deixar de registrar que chamou minha atenção a exibição do que classifiquei de “latinidade” por parte do peruano e do colombiano.

Andando pela América do Sul e Central nos últimos meses, percebi dois fatos:

1 – temos uma história semelhante (ex-colônias exploradas, que se desenvolveram nos últimos dez anos, viram a economia crescer, mas ainda têm enormes desafios pela frente);

2 – há um sentimento comum entre nossos irmãos latinos, unidos que estão pelo idioma, o mesmo que nos separa do restante do continente.

Não noto entre nós, brasileiros, esta tal “latinidade” a que me refiro. Pelo contrário, arrisco dizer que temos um certo sentimento de superioridade em relação ao restante do continente (EUA e Canadá à parte), notadamente em relação aos vizinhos do sul.

Teríamos, de fato, uma posição imperialista? Somos vistos assim por nossos vizinhos?

O fato é que nos sentimos à parte na América do Sul. Meio como se fôssemos a parte rica e bem sucedida de um continente subdesenvolvido.

Como se não tivéssemos nossa parcela de culpa no subdesenvolvimento histórico (vide a Guerra do Paraguai). Como se não compartilhássemos os mesmos desafios e problemas. Como se não fôssemos, afinal, todos sul-americanos.
 

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