segunda-feira, 7 de abril de 2014 | |

"Deveres da amizade"

(...) é possível ser justo e leal para com os amigos ao mesmo tempo?

É claro que tudo depende de como definimos os termos, mas não é de hoje que filósofos apontam uma incompatibilidade entre o relacionamento especial que caracteriza a amizade e os princípios morais exigidos por alguns dos principais sistemas éticos. É impossível, por exemplo, ser totalmente imparcial, como cobra o consequencialismo, e dar preferência às necessidades dos amigos.

(...) Ghiraldelli, sem deixar de reconhecer a dificuldade, fica com os amigos, atribuindo grande parte da confusão a uma banalização dos vários significados de "amor" e "philia" (amizade). Pode ser, mas tenho uma visão um pouco mais trágica. Acho que nosso senso moral é o resultado não projetado de diferentes pressões seletivas, o que praticamente nos condena a ficar pulando de um sistema ético para outro sem jamais satisfazer nossas intuições.

Fonte: Hélio Schwartsman, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 6/4/14, p. 2 (íntegra aqui).

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