quarta-feira, 15 de janeiro de 2014 | |

Provocações (paulistanas) ilustradas

(...) Em julho, fui a Chicago. Sem dúvida, a metrópole mais agradável que já conheci. Os arranha-céus ficam todos no centro, moderno e imponente; ao norte e ao sul, bairros residenciais, com casas, prédios baixos e ruas arborizadas. Como a cidade beira o lago Michigan, há em toda a sua extensão uma espécie de aterro do Flamengo, comprido como o Chile. No verão, crianças patinam pela ciclovia, aposentados deitam-se na grama: nas praias lacustres, mulheres fazem topless; por uns momentos, o brasileiro se esquece da vida e acha que o mundo é um lugar justo e bom.



Qual o segredo de Chicago? O segredo, amigo, é que a cidade pegou fogo em 1871: eles tiveram que reconstruir tudinho, do zero. Minha proposta é simples: a gente vai pra serra da Cantareira, leva um piquenique, uns binóculos e incendeia SP. Quando o fogo acabar, voltamos pra reerguer - ORGANIZADAMENTE.

Elevados - Talvez o leitor ache a solução anterior um tanto radical. Ok. Aqui vai meu segundo plano para SP, mais comedido. Espera-se um desses congestionamentos monstro, de 300 km. Quando estiver aquele murundu, abandonamos os carros: desligamos os motores, tiramos as fitinhas do Bonfim dos retrovisores e vamos andando pra casa. Aí, basta aterrar a teia metálica e começar de novo, dois metros acima, planejando faixas de ônibus, ciclovias, bondes, riquixás, o que quisermos. A solução não só elimina uma das maiores chagas paulistanas (o trânsito) como gera empregos e dinheiro: aterrar inteiramente a nossa malha urbana e produzir novos veículos fará as duas pernas mancas da economia correrem como as de um Forrest Gump. (...)

Fonte: Antonio Prata, “Três soluções para São Paulo”, Cotidiano, Folha de S. Paulo, 29/12/13, p. C2.

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