quarta-feira, 18 de setembro de 2013 | |

O fim do mundo

Era o fim do mundo.

E não era propriamente um fim, mas um começo.

Um recomeço.

Como se espera e se anuncia.

Primeiro houve uma forte ventania, fortíssima, levantando poeira que ofuscava a visão.

Seguiu-se um forte e estrondoso tremor, mas nada se moveu nem ninguém se feriu.

O tremor durou segundos; a ventania, longos minutos.

Houve pânico e temor, mas não dor.

Foi tudo de repente, inesperado, pegando todos de surpresa.

Eis que veio a calmaria. E um belo dia surgiu, com céu azul e sol reluzente.

Pela janela, via-se que o mundo não era mais mundo.

Havia uma espécie de ilha flutuante, como se fosse um outro planeta, rochoso e irregular, tal como um asteroide. Nessa ilha havia algumas pessoas, assustadas, porém seguras.

A Terra estava lá embaixo, muito abaixo. Olhando do novo mundo, via-se apenas o contorno de um lugar qualquer e muita água por todo lado. Era como se tudo tivesse sido destruído, mas ao mesmo tempo tudo continuava lá, em seu devido lugar.

E o fim do mundo não era uma destruição, mas uma separação. Muitos ficaram, poucos subiram para a tal ilha flutuante. E dali partiriam não se sabe para onde nem para quê.

Houve temor e choro, muito choro.

Um choro de angústia, desespero e uma ponta de tristeza.

Porque no novo mundo, na ilha flutuante, descobriu-se que muitas pessoas queridas ficaram para trás. E com elas não haveria mais contato.

E não era por saudade que as pessoas choravam; choravam pelas oportunidades perdidas.

A oportunidade de dizer quanto alguns eram queridos e amados; quanto outros mereciam o perdão. Quantas palavras deixaram de ser ditas, quantas reconciliações deixaram de ser feitas, quantos erros deixaram de ser consertados, quanto havia por fazer e fomos todos esperando o tempo passar, deixando tudo o que era relevante para depois por causa da correria das tarefas inúteis do dia a dia.

E as palavras, aquilo que realmente importava, o perdão a pedir e oferecer, o abraço amigo e irmão, a mão estendida, o carinho e o amor – tudo ficou para trás.

Assim foi o fim do mundo.

E não foi propriamente um fim, mas um começo.

Um recomeço.

PS: esta postagem é baseada numa visão.

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