segunda-feira, 26 de agosto de 2013 | |

São Paulo, sempre ela, dando exemplo

“A São Paulo das torres residenciais de costas para as ruas, cercadas de muros e andares e mais andares de garagem não irá mais existir - ao menos não no entorno de corredores de ônibus, trem e metrô, prevê o novo Plano Diretor proposto pela gestão Fernando Haddad (PT).

A prefeitura quer exigir que os prédios residenciais próximos de polos de transporte abram espaço para comércio no térreo e não sejam tão generosos na abertura de vagas para carros em garagens.”

A informação foi divulgada nesta segunda-feira pela “Folha de S. Paulo”, de onde extraí os dois primeiros parágrafos desta postagem (a reportagem completa pode ser lida aqui).

De acordo com o jornal, o projeto que altera o Plano Diretor será enviado à Câmara Municipal em setembro.

Empreendedores, claro, já estão reclamando, como a própria “Folha” registrou. Falam em aumento de custos e, consequentemente, de preços de imóveis.

Que assim seja. O mercado – a velha e batida regra da oferta e demanda – vai se encarregar, a médio prazo, de trazer os preços de volta à realidade.

O “enfrentamento” posto é claro: o interesse particular (do empreendedor e do cliente) ante o interesse coletivo (a cidade como espaço de vida social e urbana).

“A minuta do Plano Diretor Estratégico traz pontos alinhados com o que urbanistas defendem. O texto visa concentrar o adensamento habitacional em torno do transporte público para otimizar investimentos municipais.

Será incentivada também, com outras leis, a criação de empregos em áreas periféricas da cidade a fim de reduzir os deslocamentos”, comentou Rafael Rossi para a “Folha”. Ele é sócio-diretor de uma empresa de desenvolvimento imobiliário.

Em suma, diz ele, o plano pode deixar São Paulo mais “viável”.

A proposta incorpora alguns pontos citados recentemente neste blog, incluindo um concurso de arquitetura para estimular ideias.

É auspicioso constatar que a maior cidade do país, epicentro de novidades, com sua capacidade de catalisar e estimular tendências, está se repensando. E por iniciativa do Poder Público, com meros oito meses de gestão.

O governo Haddad pretende mudar paradigmas (mudanças drásticas já estão sendo feitas no transporte, como este blog comentou).

Em Limeira, em que pese o novo governo estar apenas no início (como o de Haddad), ainda não se tem notícia de que alguém esteja pensando (o que não significa que não estejam) projetos amplos que visam estabelecer um novo modelo para a cidade, tal como está sendo feito em São Paulo.

Note que na capital o projeto está indo para o Legislativo. Em Limeira, sequer uma discussão pública foi colocada.

Quem conversa com o prefeito Paulo Hadich (PSB) e alguns outros membros do alto escalão até consegue notar uma tentativa de mudar a direção dos ventos, mas tudo ainda está muito tímido e apenas como uma manifestação de desejo.

E que não venha ninguém dizer que a cidade tem muitos problemas, muitos mais do que se imaginou em 2012, na época da campanha eleitoral, porque não serão maiores os desafios em Limeira do que os que Haddad enfrenta em São Paulo. E as mudanças que visam redesenhar a paisagem e o jeito de viver na capital estão já saindo do forno.

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