sexta-feira, 12 de abril de 2013 | |

Onde estão os formuladores de ideias?

A morte da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher trouxe à tona o debate a respeito do legado que ela deixou. Tão ou mais importante do que isto, porém, é válido refletir sobre a importância de formular ideias sobre a economia e a política de uma nação – e, de resto, de todo o mundo globalizado.

Thatcher foi a executora nos anos 1980 de um ideário conservador. Não vou entrar no mérito da discussão a respeito das ideias que ela aplicou. Há que se ressaltar, porém, que o mundo atual carece deste tipo de pensamento. Principalmente no Brasil, onde o debate político e econômico deu lugar a uma pobre disputa político-partidária.

Tome-se como exemplo a última eleição presidencial. No lugar de discutir que modelo de país a sociedade deseja, os principais candidatos optaram pela troca gratuita de ofensas, notadamente sobre questões alheias ao debate político-econômico (falou-se mais sobre o aborto do que sobre os pilares da economia).

Resultado: hoje, após mais da metade do mandato da presidente Dilma Rousseff, o “establishment” mostra-se preocupado com uma certa guinada intervencionista do Estado e com o afrouxamento dos chamados pilares da economia (metas de inflação, câmbio flutuante e equilíbrio fiscal).

É legítimo que Dilma queira dar seu tom à economia. Também parece claro que a presidente tem em mente noções próprias a respeito do papel do Estado. O que causa espécie é estas noções não terem sido discutidas em nenhum momento, seja durante a campanha eleitoral (o palco ideal para este tipo de debate) ou mesmo pós-eleição.

Nos Estados Unidos, por mais que exista a tradicional troca de farpas entre republicanos e democratas, a cada eleição os cidadãos assistem a uma ampla discussão a respeito de qual país eles pretendem ter. São duas visões de mundo distintas, que se confrontam a cada quatro anos.

E não se pode culpar apenas os candidatos pela ausência de debates mais sérios e aprofundados no Brasil. Falta maturidade para o eleitor em geral. Sendo assim, os políticos oferecem aquilo que os marqueteiros consideram palatável (e “vendável”) para o cidadão. Sobra pirotecnia, falta conteúdo.

Em Limeira, na última campanha eleitoral, um candidato mostrou-se preocupado em focar o debate muito mais na formulação de ideias do que propriamente em promessas pontuais. O hoje prefeito Paulo Hadich (PSB) repetiu à exaustão que mais importante do que propor medidas era pensar qual cidade queremos para daqui a vinte, quarenta anos.

Isto, sem dúvida, enriquece o debate.

Um dia, espero, chegaremos lá.

PS: vencida a eleição, o desafio de Hadich agora é passar das formulações para a ação, sob risco das ideias permanecerem apenas como ideias.

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