terça-feira, 19 de fevereiro de 2013 | |

2 meses do governo Hadich: silêncio estratégico (?)

O governo Paulo Hadich (PSB), em Limeira (SP), já caminha para seu segundo mês e, por enquanto, nenhuma medida, ação ou projeto de maior impacto foi anunciado. Percebe-se, em conversas informais com populares, uma certa sensação de marasmo. Esta semana, cheguei mesmo a ouvir de uma pessoa a palavra “decepção”.

A impressão não é só minha. Em coluna publicada nesta terça-feira (19/2) na “Gazeta de Limeira”, o jornalista Antonio Cláudio Bontorim faz diagnóstico semelhante. Ele atribui o problema à (falta de) comunicação: "(...) percebo um governo distante da mídia. Há, nas relações entre jornalistas da imprensa diária e dos altos escalões da administração (...) uma frieza incompatível com a política. E por mais empenho dos poucos secretários (...) não é o suficiente para que a população conheça quem são os homens e mulheres de confiança, que cercam o novo prefeito". 

Não chega a ser exatamente um problema – ou melhor, é, mas a raiz dele encontra respaldo no próprio governo (daí ser um “meio problema”, já que é um tanto proposital o distanciamento).

Hadich havia alertado que seu estilo é muito diferente de um dos antecessores, o cassado Silvio Félix (PDT). O pedetista procurava aparecer na mídia a todo momento. Comprou horário numa rádio para fazer um programa semanal e buscava aparecer com frequência na TV. Sabia do poder da comunicação para a reeleição.

Félix adorava anunciar factoides. Diante de qualquer cobrança da imprensa, tinha a solução – que, via de regra, nunca saía do papel.

Hadich é muito mais discreto. Faz questão de ser. “Algumas pessoas vão estranhar, mas não vou ficar fazendo anúncios. Só vou anunciar o que estiver certo, concreto”, disse certa vez.

E assim tem sido. Daí se ter a certeza de que o aparente marasmo é fruto, também, de um novo estilo de administrar, praticamente uma estratégia de governo.

Do que decorre a questão levantada por Bontorim em seu artigo: “Impossível que não haja nada de positivo a divulgar, que não seja por obrigação e necessidade”.

E se de fato não houver, problema há.

Quando se apresentam como candidatos, os políticos têm solução para todos os problemas. Se já sabem de antemão o que e como fazer, meio caminho foi andado. Basta iniciar as ações.

Naturalmente (e Hadich já alertou sobre isto), não seria possível – nem imaginável – que todos os problemas do município fossem resolvidos em um mês. Não serão em um ano. Nem todos o serão em quatro anos (período de um mandato).

É preciso, então, um pouco de paciência. Dos dois lados: de quem cobra e de quem é cobrado (neste caso, paciência com as cobranças).

Hadich sabe que “paga” o preço da expectativa que sua eleição gerou após a crise política pela qual Limeira passou, resultando na cassação de um prefeito e também resultado dela.

Isto não o impediria, porém, de reconhecer que a comunicação de seu governo está “tímida” – e talvez esta seja a palavra mais adequada.

Aliás, Hadich sabe disso. Endossa parte da estratégia (a de que não é hora de sair atirando no que diz respeito aos problemas encontrados).

Quem conversa com o prefeito sabe que ações estão sendo tomadas. Primeiro buscando “arrumar a casa” – e há muito, muito mesmo, a ser arrumado. “Para onde se olha há problema”, disse um membro da administração.

Ou seja: o foco neste início de governo tem sido preparar o terreno para as ações prometidas na campanha eleitoral.

Hadich está otismista – e isto é importante, pois indica que o prefeito tem trunfos em suas mãos, ou cartas na manga (para usar outra metáfora).

Resta, então, aguardar.

De um lado, o cidadão deve se manter vigilante, cobrando, mas ao mesmo tempo compreendendo as dificuldades de qualquer início de governo.

De outro, o prefeito e sua equipe devem se esforçar um pouco mais para se comunicar com a comunidade, ainda que seja para explicar ações de menor grau que estejam sendo tomadas como planejamento das grandes mudanças.

Adequar as expectativas de um lado e ajustar a comunicação de outro, eis o caminho a ser seguido.

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