sábado, 13 de outubro de 2012 | |

Imprensa: privacidade, excessos e censura

A 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) começou ontem, em São Paulo, com um debate sobre o conflito entre o direito de informar e o direito à privacidade.

A atriz Regina Duarte abriu o seminário perguntando se é possível que fotógrafos, publicações e celebridades cheguem a um "comum acordo", para evitar excessos.

Afirmou seu "apoio total e incondicional à mais plena liberdade de imprensa", mas também relatou episódios em que sua vida privada foi invadida, por exemplo, com fotos ao lado de netos na praia.

"É aceitável que se ganhe dinheiro expondo a privacidade?", questionou, vendo "evidente falta de ética" e risco ao próprio jornalismo.

Insistiu, porém, ser contrária a qualquer tipo de censura, citando a presidente Dilma Rousseff, "que já disse que o melhor controle da mídia é o controle remoto", ou seja, os consumidores.

Taís Gasparian, advogada da Folha, ressaltou que "o mais importante, quando se fala no conflito entre liberdade de imprensa e direito à privacidade", é o reconhecimento hoje predominante de que a responsabilidade sobre o que é publicado deve ser julgada "posteriormente", evitando dessa forma a censura.

Já é assim no ordenamento jurídico na Europa, nas Américas e no Brasil, relatou Gasparian, acrescentando que as tentativas de censura prévia ainda existentes no país tendem a refluir.

Edgardo Martolio, superintendente editorial da revista de celebridades "Caras", afirmou que não estava no seminário "para defender toda e qualquer invasão de privacidade" - e sublinhou que hoje, "na maioria das vezes, o interesse dos famosos e o das publicações coincidem".

Afirmou também ter aprendido, em mais de 40 anos na área, que "os artistas são amados", principalmente no Brasil, "e temos de mostrar o lado bom deles". Já "com os políticos é diferente".

Também no evento, Ellyn Angelotti, do Instituto Poynter, escola de jornalismo da Flórida, nos EUA, levantou questões relativas ao direito de privacidade no ambiente digital, onde "o público se tornou o editor" e "a verdade pode ser algumas vezes distorcida". Ela defendeu para os jornalistas uma nova tarefa, de checar e autenticar o que surge on-line.

Fonte: Folha de São Paulo, "Evento de imprensa questiona excessos, mas recusa censura"Poder, 13/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

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