quinta-feira, 18 de outubro de 2012 | |

Caos aéreo (no chão)

O avião quebrado em Viracopos é o exemplo acabado do atraso da infraestrutura brasileira.

O governo do PT está há dez anos no poder. Nesse período, quem viajou de avião algumas vezes sabe muito bem: a situação só piora.

Não vale o governo dizer que tudo se deve à emocionante ascensão de milhões de brasileiros à classe média. O diagnóstico é conhecido. O problema tem sido a incapacidade de ministrar o remédio necessário.

Viracopos ficou fechado por quase dois dias. Cerca de 25 mil passageiros sofreram com o cancelamento de 500 voos no aeroporto de Campinas.

Outra grande prejudicada é a companhia aérea Azul, que opera sobretudo a partir de Viracopos. Terá de dar assistência aos passageiros prejudicados, ressarcir prejuízos, ajudar com hotéis e refeições. Sem contar o dano à imagem, pois quem pensar duas vezes agora tentará evitar a Azul - que não teve a menor responsabilidade no ocorrido.

Há dois culpados principais. Primeiro, a Centurion Cargo, cujo avião de pneu furado ficou no meio da pista. Segundo, o governo federal, que regula e comanda os aeroportos.

Viracopos só tem uma pista. Em emergências, precisaria de acesso rápido a equipamentos para remoção de obstáculos. Foram os casos dos colchões infláveis e dos caminhões com carrocerias em forma de pranchas usados para rebocar o avião nesta semana. Nada disso estava disponível no aeroporto campineiro.

Outro aspecto intrigante: como é possível um dos principais aeroportos do país operar com apenas uma pista? Haverá uma pista extra só em 2017, já sob a administração privada.

O Brasil é uma das maiores economias do planeta. Por que não se pode construir a pista nova em seis meses? Ou em um ano? Por que Lula (durante oito anos) e Dilma (já há quase dois anos no Planalto) não determinaram esse investimento de maneira emergencial para o país?

Não conheço respostas aceitáveis.

Fonte: Fernando Rodrigues, “Atraso sem fim”, Folha de S. Paulo, Opinião, 17/10/12, p. 2.

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