sexta-feira, 21 de setembro de 2012 | |

Computadores, celulares e o futuro da mídia

Cresceu 40% a presença de computadores com acesso à Internet nos lares brasileiros entre 2009 e 2011. Bem mais do que o crescimento dos televisores (6%). Quase a metade dos pré-adolescentes e adolescentes (de 10 a 14 anos) tem celular. São 42%. Se ampliar a faixa etária para até 17 anos, o índice sobe para 67%. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2011, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os números em si não trazem nenhuma surpresa. E é aí que reside a questão. Com a expansão da classe média, o Brasil aos poucos vai se aproximando da realidade dos países desenvolvidos, onde os equipamentos portáteis ganham espaço como principal fonte de informação. Esta é a tendência nos Estados Unidos, por exemplo, conforme ouvi de um diretor da CNN em abril.

Para a imprensa, esta rápida mudança traz sérias conseqüências. A influência da televisão, medida pelo chamado “share” (a quantidade de aparelhos ligados) está caindo. A juventude em geral prefere se informar e se divertir pela Internet. Jornais e revistas também já sentem os efeitos dos “novos tempos”.

Esta transição do modo antigo para algo que ainda é um mistério desperta tensões e atenções há pelo menos uma década. A receita para o futuro é incerta – ouvi isto numa palestra com os jornalistas Lourival Sant´Anna e Álvaro Pereira Júnior num seminário da Abraji (Associação Brasileiro de Jornalismo Investigativo) em 2007. Ambos disseram algo do tipo: “ninguém sabe ao certo para onde isto vai, só sabemos que precisamos estar lá (na Internet)”.

Há três meses, iniciei com o jornalista Carlos Giannoni de Araujo uma experiência inédita para mim: fazer jornalismo exclusivamente para a Internet. Montamos despretensiosamente um blog – o “Limeira 2012” – para acompanhar as eleições municipais.

Ainda é cedo para uma avaliação mais profunda, o que pretendo fazer após a eleição. Já posso adiantar, porém, que do ponto de vista do trabalho, com todas as restrições que encontramos (de tempo e recursos, por exemplo), a experiência tem se revelado interessante e enriquecedora. Naturalmente, a repercussão ainda é restrita (estamos falando de um trabalho diferente que mal fez três meses), mas a audiência não é a preocupação prioritária do projeto. Queremos mesmo testar o formato.

Como profissional da comunicação, nunca aderi ao ramo dos apocalípticos (no sentido introduzido pela Escola de Frankfurt). Tampouco sou militante dos integrados. Acredito que a forma de se comunicar sofrerá (ou melhor, já vem sofrendo) uma revolução. A revolução digital em suas mais variadas versões (já houve a 2.0 e agora já se fala em 3.0).

A comunicação, porém, vai resistir.

Sempre haverá boas histórias para serem contadas. Sempre haverá gente disposta a ouvi-las (ou lê-las). O desafio que se apresenta, portanto, é encontrar a melhor e mais eficiente forma de contar estas histórias.

Concluir isto é óbvio, eu sei. Mais que isso seria futurologia. Se ela não é uma ciência exata, também não pode ser desprezada. Tentar adivinhar o futuro gera debates e é a partir delas que se encontra um possível caminho.

A discussão está lançada. Você se arrisca a prever o futuro da mídia?

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