quarta-feira, 26 de setembro de 2012 | |

A ética nossa de cada dia

Estamos vivendo tempos de uma ética utilitarista. Ou, melhor dizendo, da deturpação dos princípios utilitaristas. Do eudemonismo natural para uma moral egoísta. Isto se revela em dois tipos de atitudes: 1) a avaliação do que é bom ou mau (ou, dito de outra forma, do que vale a pena ou não) com base nas consequências que algum ato possa trazer para o indivíduo; e 2) a consideração do que vale a pena ou não com base numa suposta superioridade ideológica em relação a outras correntes de pensamento.

O resultado desse tipo de comportamento é que agimos ou nos omitimos pensando unicamente no(s) efeito(s) que tal ação ou omissão pode nos causar como indivíduos ou à nossa causa (neste período eleitoral este tipo de situação fica evidente). Traduzindo em exemplo: não importa se determinada pessoa possa ter cometido uma irregularidade; se denunciar irá trazer benefícios, faça-se; se não trouxer benefícios, omite-se. E a suposta irregularidade? Ora, ora...

Em suma, o indivíduo aceita as irregularidades desde que estas não o prejudiquem ou ainda desde que a omissão de não denunciá-las o beneficie. E o processo que pode estar sendo deturpado pelas tais irregularidades? E outros que podem estar sendo prejudicados? “Laissez faire, laissez passer” (atenção: considere a expressão meramente por sua tradução e não por seu significado na teoria econômica liberal).

Se questionada, a pessoa que aplica a ética utilitarista (deturpada) dirá que está seguindo a moral eudemonista. Falará isso com base na crença de que suas verdades são “a verdade”.

Eis, pois, uma das minhas mais recentes inquietações – levada a cabo por uma pergunta de um militante político: “Entre a orientação partidária em favor de um projeto em prol da coletividade e as suas convicções, você fica com qual?”

Mais uma vez, fico tentado a recorrer a Quincas Borba: “Ao vencedor, as batatas!”

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