quarta-feira, 25 de julho de 2012 | |

O desempenho de Zovico, uma surpresa

Eleito vice-prefeito em 2004 e reeleito em 2008, Orlando José Zovico (sem partido) assumiu em definitivo a Prefeitura de Limeira no fim de fevereiro para um mandato tampão de dez meses. Ele havia sido conduzido ao cargo interinamente semanas antes em razão do afastamento do então prefeito Silvio Félix (PDT) – acusado de se beneficiar de possível enriquecimento ilícito de seus familiares.

Com pouco tempo de governo pela frente, Zovico tinha uma missão primordial: devolver à cidade a necessária governabilidade, dando tranquilidade à população e a entes públicos e empresas com os quais a prefeitura tem ligação.

Isto ajudaria a garantir a retomada da credibilidade da administração pública limeirense após o “tsunami” político pelo qual a cidade passou, sendo destaque em todo o país pelo afastamento e cassação de um prefeito acusado de corrupção.

Em outras palavras, a missão de Zovico era “entregar” a prefeitura em condições minimamente decentes para o futuro prefeito, a ser eleito em outubro próximo.

Não se esperava de Zovico nenhuma revolução administrativa em razão do pouco tempo de governo e da falta de conhecimento dos assuntos da prefeitura, como ele próprio admitiu em entrevista (o vice fora “escanteado” pelo então prefeito, centralizador, durante boa parte do mandato).

Zovico, porém, está surpreendendo – até porque a expectativa em relação a ele era pouca.

Com um jeito radicalmente oposto ao de Félix, que gostava de aparecer e de trazer para si os louros de qualquer conquista, o atual prefeito tem se caracterizado pela discrição, transparência e diplomacia. Com isso, tem marcado pontos e “corre o risco” de entrar para a história da cidade com feitos positivos para tão pouco tempo de governo.

Foi o que disse, em outras palavras, o juiz diretor do Fórum de Limeira, Mário Sérgio Menezes, na última terça-feira (24/7), durante anúncio da instalação de uma vara da Justiça Federal na cidade. O magistrado carregou nos elogios e comparou Zovico ao ex-presidente Juscelino Kubitschek – cujo governo foi marcado pelo lema “50 anos em 5”. Para Menezes, Zovico está fazendo “8 anos em 10 meses”.

Aos fatos: tão logo assumiu em definitivo a prefeitura, Zovico fez chegar a alguns secretários que a saída deles era necessária. Estavam umbilicalmente ligados ao prefeito cassado. Depois, diante de uma nova denúncia envolvendo membros do alto escalão, não hesitou em dispensá-los.

Com fornecedores, tratou com a lisura exigida pelo cargo, conforme sabe-se nos bastidores.

Determinou uma varredura no Edifício Prada, sede do Executivo, a fim de encontrar possíveis escutas e/ou grampos. Também determinou a revisão de algumas obras, caso do Palacete Levy.

Adotou medidas duras e arriscadas, como a decisão de retomar o fornecimento da merenda escolar pela prefeitura – o serviço havia sido terceirizado por Félix ainda no início da primeira gestão e desde então vinha sendo alvo de denúncias de corrupção e de má qualidade. Parece pouco, mas foi como “colocar a mão num vespeiro” (está em jogo a alimentação de cerca de 40 mil estudantes).

Por fim, foi decisivo na conquista da vara da Justiça Federal para a cidade, como registraram juízes locais. Teve a vontade política necessária que faltou a governantes de outrora.

Sem alarde, Zovico vai tocando a administração e, quase sem querer (porque não planeja louros pessoais), deixando sua marca.

Guardadas as devidas proporções, o atual prefeito governa com um certo jeito “Dilma de ser” – ou seja, uma administração técnica e discreta.

PS: antes que se insinue qualquer bobagem (algo comum em Limeira), é bom deixar claro que sou funcionário da TV Jornal, empresa ligada à Fundação Orlando Zovico. Como estou todos os dias no ar das 17h30 às 19h30 (não tendo, portanto, que esconder a condição de funcionário), não possuo compromisso algum com a crítica ou o elogio ao atual prefeito – uma e outro serão feitos sempre que eu julgar necessário.

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