terça-feira, 15 de maio de 2012 | |

Uma visita à CNN (2)

A búlgara Ralitsa Vassileva trabalha como âncora da CNN Internacional há 20 anos. Carrega na bagagem a experiência de quem atuou como jornalista num momento crucial da história de seu país: a queda do comunismo. Séria e um tanto contida, ela conversou conosco durante o 7º Brazil Contest Journalism Visit to CNN Atlanta. Falou de seu trabalho e do desafio de apresentar os fatos sem emitir a opinião pessoal.


Shasta Darlington é a atual correspondente da CNN no recém-montado escritório brasileiro, em São Paulo. Via radioconferência, ela relatou sobre o cotidiano de seu trabalho no Brasil e afirmou que o grande desafio é ter mais controle sobre a própria cobertura. O foco neste momento, diz a jornalista, é a economia – além, é claro, dos preparativos do país para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Para Shasta, há um certo denuncismo na imprensa brasileira, o que a faz, como correspondente estrangeira, aguardar um pouco o desenrolar dos acontecimentos para saber o que de fato será relevante ou o que se perderá no mar de denúncias.

A jornalista já havia trabalhado como correspondente no Brasil entre 1997 e 2001, para uma outra emissora. Na volta ao país, afirmou ter constatado um otimismo maior das pessoas em relação ao futuro. Também citou que o país está “funcionando melhor”, principalmente o Rio de Janeiro.

O australiano Michael Holmes é um premiado âncora e correspondente da CNN Internacional. Está na emissora desde 1996. Seu currículo é recheado de trabalhos de destaque: esteve recentemente na Líbia cobrindo o avanço da forças rebeldes (que resultou na derrubada e morte do ditador Muamar Kadafi) e tem larga experiência na cobertura de guerras, como a do Afeganistão e Iraque.


Vem daí, aliás, o episódio mais marcante de sua carreira. Foi em 2002, quando sua equipe se dirigia para Bagdá. O comboio foi atacado por soldados iraquianos. O tradutor e um dos motoristas morreram; o câmera foi atingido na cabeça, mas sobreviveu. Não é fácil, admite Holmes, ver colegas de trabalho morrerem ao seu lado. Ele destacou, porém, que não escolhe as coberturas de que participa: é designado para as missões e as cumpre.

Naturalmente, explicou o jornalista, há um rigoroso curso de preparação para a cobertura de guerras. Só depois disso é que o profissional pode ir a campo. O tempo que ele fica numa cobertura desse tipo varia de um a dois meses.

Jim Clancy também é correspondente de guerra. Esteve em momentos cruciais da história contemporânea, como a queda do Muro de Berlim, o genocídio em Ruanda e o cerco a Beirute, além das guerras no Iraque. Sobre a última delas, detonada pelo governo George W. Bush, o jornalista apresenta uma visão crítica em relação ao trabalho da imprensa norte-americana. Sem meias palavras, admite: “nós erramos”.


Ele se refere ao fato do jornalismo norte-americano ter “comprado” praticamente sem questionamentos a versão da Casa Branca para justificar a guerra: a de que o governo iraquiano do ditador Saddam Hussein produzia armas de destruição em massa (estas armas nunca foram encontradas e o governo Bush admitiu posteriormente que não tinha informações seguras a respeito).

Na CNN desde 1981, Clancy – que atualmente comanda o semanal “The Brief” - mostra-se crítico não só em relação à cobertura da guerra do Iraque, mas também quanto à posição (para muitos arrogante) dos EUA no mundo. “Será que os EUA têm mesmo que levar a democracia para outros países? Será que este é mesmo nosso dever?”, questionou.

* Para ler a primeira postagem sobre a visita à CNN, clique
aqui.

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