quarta-feira, 17 de novembro de 2010 | |

A genialidade de Dalí em Milão

Viajar muitas vezes proporciona experiências com as quais sequer imaginamos. Principalmente quando se vai para uma grande cidade, rica em cultura.

Numa recente passagem por Milão, fui presenteado com uma exposição sobre um dos gênios da pintura espanhola e mundial, Salvador Dalí. Suas obras estão de volta à capital italiana da moda após mais de 50 anos, no mesmo lugar onde estiveram em outubro de 1954: o Palazzo Reale, antigo palácio real que durante séculos foi o centro das decisões políticas da cidade, localizado bem ao lado do Duomo, hoje trasnformado num belo centro cultural.

A exposição “Dalí – Il sogno si avvicina” - aberta em 22 de setembro, seguindo até 30 de janeiro de 2011 – apresenta mais de 50 obras do pintor espanhol. Em comum, todas exploram a relação do artista com a paisagem, o sonho e o desejo, temática que a torna intimista e encantadora em meio à loucura que marca o trabalho de Dalí (e que me perdoem os críticos, nada entendo de arte; falo apenas de sentimentos de um espectador).

Na mostra, o público se depara com obras de destaque. Elas reforçam a genialidade de Dalí, que soube como ninguém tratar de temas tão subjetivos e relevantes como o desejo e o sonho de um modo surreal.

E numa exposição que desperta sentimentos e instiga, o espectador não poderia ficar só observando. Numa sala que simula um rosto feminino, após uma cortina de cabelos louros, é possível experimentar o “Sofá-lábios de Mae West”. E se não bastasse isso, uma filmadora reproduz em dois monitores a imagem de quem passa pelo sofá. Pura diversão – surrealista, claro!

Em tempo: o sofá foi feito em 1937, sob encomenda do britânico Edward James. Moldado em madeira e cetim, foi inspirado na atriz Mae West (daí o nome).

E após tanta emoção (confesso que senti um pouco de melancolia, o que deve ser normal quando se discute o tempo e, de modo indireto, a vida, embora a mostra traga também muita alegria), o encerramento reserva uma preciosidade. O público pode apreciar o resultado da mistura de Dalí com outro gênio: Walt Disney. Uma parceria que deu ao mundo um curta-metragem de animação feito entre 1945 e 46, porém só concluído em 2003, e que não poderia ter um título mais apropriado: “Destino”.



PS 1: eu não resisti e comprei uma gravura que reproduz uma das obras-primas de Dali, “A Persistência da Memória”, uma arte única que discute o tempo e a memória. O tempo que, aparentemente, esvai-se, escorre.


PS 2: além de Dali, o Palazzo Reale tem muitas outras mostras imperdíveis. Para conferir, basta dar uma olhada no site oficial. Só a apresentação do calendário anual de exposições já é um barato.

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