quarta-feira, 30 de junho de 2010 | | 0 comentários

A volta de Odorico Paraguaçu

Em ano de eleição presidencial, o anúncio do lançamento de “O Bem Amado”, com direção de Guel Arraes e com Marco Nanini no papel principal, é um alento. Para o cinema nacional e para a conscientização do cidadão.

quarta-feira, 23 de junho de 2010 | | 0 comentários

Vereadores: parem de fazer leis!

Vira e mexe vereadores decidem pressionar a prefeitura para que regulamente leis aprovadas na Câmara e engavetadas no Executivo. Às vezes funciona. Só no Jornal Oficial do Município do último dia 18/6, sexta-feira, foram nove decretos regulamentando leis – algumas delas datadas de 2006, ou seja, engavetadas há quatro anos.

* Lei 4.047/06 – proíbe alimentação de pombos;
* Lei 4.060/06 – proíbe venda de tinta spray para menores;
* Lei 4.129/07 – exige que supermercados expliquem a diferença entre diet e light;
* Lei 4.164/07 – exige que supermercados tenham pessoal suficiente para atender;
* Lei 4.211/07 – exige espaço para estacionamento de bicicletas em shoppings e supermercados;
* Lei 4.343/08 – reserva espaço preferencial para idosos, grávidas, pessoas com crianças de colo e deficientes nas praças de alimentação;
* Lei 4.365/09 – proíbe lançar lixo em vias públicas;
* Lei Complementar 521/10 – fixa regras para destinação de óleos e gorduras;
* Lei 4.584/10 – dispõe sobre a participação de comerciantes de Limeira em eventos.


Recentemente, um grupo de vereadores que apura o cumprimento de leis municipais pelos bancos cobrou do Executivo a regulamentação de normas sobre o tema. “O presidente da comissão (Silvio Brito, do PDT) informou que Limeira tem 13 leis municipais que tratam do atendimento e segurança da população dentro das agências bancárias, mas muitas destas leis não são cumpridas pelos bancos. E o vereador Mário Botion (PR) sugeriu que a prefeitura seja oficiada para esclarecer as dúvidas dos vereadores sobre a regulamentação das leis aprovadas”, citou a assessoria de imprensa da Câmara.

São comuns também requerimentos de vereadores questionando se determinada norma foi regulamentada. Foi o que fez o vereador Almir Pedro dos Santos (PSDB) recentemente. Ele quis saber se a Lei Municipal 3.431, de 2002, que “dispõe sobre o limite de peso que os alunos da rede municipal de ensino podem transportar em material escolar”, foi regulamentada e vem sendo fiscalizada.

A falta de respeito com as normas beira o absurdo quando algum vereador propõe uma lei já existente. Aconteceu com o vereador César Cortez (PV) propondo uma norma criada por Eliseu Daniel dos Santos (PDT) anos atrás. E não é raro o próprio autor da lei não se recordar da propositura – e daí não alertar o colega pelo projeto repetido.

Mais recentemente, Silvio Brito propôs regras duras para a distribuição dos panfletos que emporcalham as casas e a cidade. Só que a atividade já é alvo da lei 3.564, de 2003, do então vereador Júlio César Pereira dos Santos - alterada pela lei 3.631/03 do vereador Miguel Lombardi (PR).

Como ninguém fiscaliza, a norma cai no esquecimento. E os vereadores passam o vexame de propor algo já existente.

Em 2007, vereadores chegaram a formar uma comissão para identificar leis não regulamentadas e cobrar a prefeitura. Foram apuradas 90 normas, das quais 26 estavam comprovadamente esquecidas (leia aqui). Na ocasião, nem mesmo o Executivo soube informar a situação de várias leis (leia aqui). A comissão chegou a identificar normas de 1998 engavetadas.

Um acordo entre Executivo e Legislativo resultou no plano de fazer um mutirão para regulamentar leis (leia aqui). Nada foi feito, a não ser medidas pontuais.

Diante disso, faço um apelo público aos vereadores: PAREM DE FAZER LEIS! Criem um mutirão para revisar toda a legislação municipal, como fez a Assembleia Legislativa de São Paulo. É preciso extinguir normas em desuso e efetivamente exigir o cumprimento daquelas que estão engavetadas. Se fizessem isso, dariam uma grande contribuição à sociedade.

Do contrário, os vereadores continuarão vivendo um mundo da fantasia. Farão leis que não serão cumpridas e correrão o risco de propor algo que já existe.

Com a palavra, os nobres edis (ou Suas Excelências, como preferirem).

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Encontro de Romi-Isettas


No último sábado, estive no Encontro Nacional de Romi-Isettas, em Santa Bárbara d´Oeste. O evento foi uma das festividades para marcar os 80 anos das Indústrias Romi, fabricante de máquinas e que entre 1956 e 61 aventurou-se pelo mercado automotivo.

O encontro reuniu colecionadores de todo o Brasil e suas Romi-Isettas (bem, tinha um Tozetta no meio). De Limeira, eram três veículos.



O material rendeu uma série de fotos (algumas delas estão acima) e a reportagem que produzi para a TV Jornal de Limeira (abaixo).

Divirta-se!

segunda-feira, 21 de junho de 2010 | | 0 comentários

Vítimas do "progresso"

Na definição do famoso Dicionário Houaiss, progresso é um substantivo masculino que significa “mudança considerada desejável ou favorável; avanço, melhoria, desenvolvimento; incorporação, no dia-a-dia das pessoas, das novas conquistas no campo tecnológico, da saúde, da construção, dos transportes etc.”. Quem, porém, há de classificar qual mudança é favorável, o que é melhoria?

No mundo moderno, a prática deu a essa palavra uma conotação positiva, independentemente de qual ação ela represente. Progresso é progresso, algo inexoravelmente bom e ponto. Logo, tudo que se faz em nome dele se justifica. Ou não?

Nossas cidades estão repletas de marcas do “progresso”. Um progresso que costuma apagar o passado, a história, a memória. Talvez por isso tenham surgido em muitas cidades uma espécie de contracultura do progresso, um movimento que, mais do que simplesmente negar o “avanço”, busca inseri-lo no contexto histórico de modo planejado.

Em Buenos Aires, provavelmente a mais bela capital sul-americana, esse movimento ganhou um título que pode muito bem servir de grito de resistência: “Basta de demoler” (basta de demolir, em português) – ou simplesmente b!d. Trata-se de uma organização não governamental (ONG) surgida em abril de 2007 com o objetivo de “defender o patrimônio urbanístico da cidade”.

O grupo começou sua atuação “convocando os cidadãos a manifestar-se publicamente contra as demolições de edifícios de valor arquitetônico e histórico; depois empreendeu diversas estratégias na defesa do patrimônio e estendeu sua ação aos parques, ruas e veredas históricas, mobiliário urbano”.

No site do movimento, um artigo do jornal “Clarín” aborda uma discussão atual na capital portenha: uma proposta que cria novas áreas protegidas na cidade. Conforme o b!d, o centro histórico de Buenos foi incluído pela World Monuments Fund na lista de 100 lugares históricos que correm risco.

Um mapa disponível no site mostra os lugares históricos de Buenos Aires e a situação de cada um deles. Em amarelo são os edifícios em perigo; em vermelho, os que estão em risco iminente de demolição; em azul, os prédios já demolidos; e em verde os demolidos com valor histórico. Pelo mapa, a situação é temerária.

Na capital paulista, surgiu um movimento semelhante. O “São Paulo Abandonada & Antiga” – ou simplesmente SPa - lista em seu site bairros, casas, monumentos e até cidades alvos de degradação e abandono. Nas imagens, um misto de beleza fotográfica e artística e tristeza histórica. Há artigos e uma seção interessante que mostra regiões antes e depois do “progresso” (desregrado), como a Santa Ifigênia de 1912 e 2010 nas fotos a seguir. A galeria do projeto no Flickr é imperdível.


Tal como no b!d, o SPa também oferece um mapa com 258 pontos – entre imóveis e monumentos – que merecem atenção por seu valor histórico e arquitetônico.

No caso do SPa, o objetivo principal não é tanto um “grito de resistência” (embora o trabalho tenha também este efeito), mas sim fazer um registro fotográfico e histórico de uma metrópole em constante mudança (e que costuma não perdoar o passado em nome do “progresso”).

Limeira também foi, à sua medida, vítima do “progresso”. Há alguns anos, havia cerca de 200 imóveis na cidade listados pelo Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Em 1997, cerca de 120 foram identificados e fotografados. No ano 2000, restavam 60, segundo o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico (Condephali). Hoje, já não se sabe quantos são.

De acordo com o Condephali, o único imóvel tombado pelo órgão estadual em Limeira é o prédio da antiga escola Coronel Flamínio Ferreira, no Centro, que abrigava o museu e está em reforma (ele não consta da lista de bens tombados no estado, disponível no site do Condephaat).

Da região, estão no site a sede da Fazenda Salto Grande (Americana), o Fórum de Araras, a sede da Fazenda Morro Azul (Iracemápolis), a Casa de Prudente de Moraes, a Casa do Povoador, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, o edifício da antiga escola Normal e o Passo da Via Sacra São Vicente de Paula (todos em Piracicaba), além da estação ferroviária, o Gabinete de Leitura, o Horto e Museu “Edmundo Navarro de Andrade”, a sede da Fazenda Grão Mogol e o Sobrado do Barão de Dourados (em Rio Claro).

Há, porém, muito o que se preservar em Limeira. Alguns imóveis já foram tombados (leia aqui). E só tombados. Neste blog, já citei a estação ferroviária do Tatu (leia aqui). Tem ainda o Casarão do Tatu, o Palacete Levy, a Capela de Cubatão, todos necessitando no mínimo de cuidados, como se vê pelas fotos. Isso sem contar várias residências.

O governo Silvio Félix (PDT) já anunciou alguns projetos de restauro, mas por enquanto só a estação ferroviária do Centro foi revitalizada. É preciso mais, muito mais, para tentar manter o pouco da história que ainda resta – e que está se perdendo, como os números do Condephaat indicam.





Afinal, por que proteger o patrimônio? Simplesmente porque ele ajuda a contar a nossa história. Porque as próximas gerações têm o direito de conhecer o passado para, assim, melhor projetar o futuro.

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As cores de Vincent

“Minha maior ambição é conseguir a incorreção, o desvio, a remodelação, a mudança na realidade; em suma, imagens mentirosas, se quiserem – porém mais verdadeiras que a verdade literal.” (p. 127)
Vincent van Gogh

Acabei de ler um livro interessantíssimo – e emocionante. “As mulheres de Van Gogh – seus amores e sua loucura”, de Derek Fell (Verus Editora, Campinas, 2007), resgata os relacionamentos familiares e amorosos do mestre holandês e, a partir deles e das cartas que escreveu, reconstitui sua vida e busca explicar suas atitudes.


Van Gogh - chamado Vincent (assim ele assinou seus quadros) - foi o segundo filho da família. Recebeu o mesmo nome de um irmão morto, nascido um ano antes. Todos os finais de semana, a mãe o levava para visitar o túmulo do falecido, no jardim da casa da família. Começava a se formar a personalidade de Van Gogh, marcada por seguidas rejeições e envolvimentos tumultuados.

Da rejeição materna àquela que motivou seu suicídio (um episódio ainda cercado de dúvidas), Van Gogh expressou seus sentimentos por meio de sua arte. Uma arte, aliás, só reconhecida anos após sua morte - e devido ao esforço de uma cunhada e de um sobrinho chamado Vincent. Não fossem eles e talvez o mundo nunca tivesse conhecido a genialidade daquele holandês – o irmão da cunhada chegou a recomendar que ela queimasse todas as obras de Van Gogh pela “falta de valor”.

Mas Jo, a cunhada, sempre acreditou no talento de Van Gogh.

Quem já teve a oportunidade de ver um quadro do pintor holandês sabe o impacto que as cores provocam. É difícil descrever essa sensação. No livro, encontrei uma descrição que ajuda a decifrá-la. Está num artigo de Albert Aurier, publicado no periódio “Mercury”, de Paris, ainda no século 19. Aurier foi o primeiro crítico a reconhecer algum valor na obra de Van Gogh.

“Debaixo de céus que às vezes deslumbram como safiras ou turquesas facetadas, que por vezes são emoldurados por amarelos-claros infernais, quentes, mórbidos e ofuscantes [...], há a expressão inquietante e perturbadora de uma natureza estranha. [...] Essa é, sem exagero, a impressão que nos fica na retina quando olhamos pela primeira vez para a obra estranha, intensa e febril de Vincent van Gogh”. (p. 186)



PS: o vídeo acima foi feito para a postagem “Girassóis pelo mundo” do meu blog Piscitas - Travel & Fun.

* Para saber mais e ver mais, vá aos sites do Van Gogh Museum ou do Van Gogh Gallery.

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Radares + agentes = 7.810 CNHs notificadas em Limeira

Em menos de cinco anos, mais de sete mil motoristas de Limeira tiveram a carteira de habilitação (CNH) suspensa ou cassada. São exatamente 7.810 entre 2006 e junho deste ano. Isso dá uma média de 145 por mês, quase cinco por dia. Os dados foram obtidos a partir das listas de CNHs notificadas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Considerando que das oito listas de 2006, apenas duas estavam disponíveis no site do Detran, na prática a média de CNHs notificadas em Limeira é bem maior. Em tempo: o site disponibiliza dados a partir de 2005, mas o acesso às duas listas daquele ano apresentou erro.

Uma checagem na lista de CNHs notificadas pelo Detran revela uma situação que os limeirenses vivenciam diariamente: a explosão das multas após o aumento da fiscalização do trânsito nos últimos dois anos. Até 2008, a cidade tinha dois radares móveis para fiscalizar todas as suas vias. A partir de então, novos equipamentos foram alugados, tanto móveis quanto fixos (novos contratos foram assinados recentemente, como se pode ver nas postagens abaixo ou clicando aqui).

Além disso, um pelotão de agentes de trânsito foi formado e colocado nas ruas (leia mais aqui).

Resultado: de uma média anual de 1.267 notificações em 2007 e 2008, houve um salto para 3.000 em 2009 – 137% a mais. Este ano, em apenas seis meses, já foram 2.166 (a média mensal saltou de 105 entre 2007/2008 para 250 em 2009 e incríveis 361 este ano).

A soma de maior fiscalização com imprudência de motoristas resultou num aumento de 243% na média mensal de CNHs notificadas em Limeira em quatro anos. De algum modo, criou-se uma verdadeira “fábrica de multas” na cidade (ressalvando a observação já feita na postagem anterior de que os motoristas limeirenses cometem muitos abusos diariamente).

Só para se ter uma ideia, Piracicaba – que tem 377 mil habitantes, ante 286 mil de Limeira, segundo o Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) - registrou este ano, também até junho, 1.960 CNHs notificadas, média de 326 por mês. Bauru - com 366 mil moradores - teve 1.844 notificações, média mensal de 307.

CNHs notificadas
2010
.......... 2.166 (até junho)
2009 .......... 3.000
2008 .......... 1.297
2007 .......... 1.238
2006 .......... 109 (em duas listas de oito)

* Para acessar a lista de CNHs notificadas no site do Detran, clique aqui.

PS: Limeira ganhou este ano 3.089 veículos novos, 800 deles motos (25% do total), conforme os dados de lacração do Detran (clique
aqui para ver).

domingo, 20 de junho de 2010 | | 2 comentários

"Quando o errado está certo"

Muita gente torce o nariz quando um chatola, como eu, começa a reclamar dos erros de português que se cometem nos jornais e na televisão. Desses, muitos dos que os cometem são profissionais, mas estão pouco ligando para o que consideramos escrever e falar errado.

Sabe-se que, para a maioria dos linguistas, não existe isso de falar errado: todo o mundo fala certo. Admitem existir uma “norma culta”, que obedece às regras gramaticais, mas violá-las não é propriamente errar. Ouvi de um deles que está tão certo dizer “pobrema” como “problema”. Obtuso como sou, tenho dificuldade de entender por que eles mesmos vivem escrevendo livros e colunas em jornais, ensinando como se deve escrever. Ora, se não existe falar errado, por que ensinar?

Não deve o leitor concluir daí que sou aquele morrinha que vive catando os deslizes de cada um, mesmo porque não posso me considerar um grande conhecedor da língua. Gosto dela, prezo-a ou, melhor dizendo, considero-a uma das extraordinárias criações do gênio humano. Não é maravilhoso imaginar que, muito antes de surgirem os gramáticos, nossos ancestrais já falavam obedecendo às normas que tornaram o idioma meio de comunicação entre as pessoas e de invenção do nosso mundo cultural?

Pense bem nesta maravilha: a palavra “este” indica algo que está perto de mim; “esse”, o que está perto de você; e “aquele”, o que está longe de nós dois. Eis a linguagem expressando as relações reais do sujeito e das coisas do mundo. Não obstante, todos os locutores de rádio e televisão, como a maioria dos jornalistas, referindo-se ao que está perto de si, usam “esse” em lugar de “este”. E isso é hoje tão frequente que já nem se repara.

Ninguém vai morrer por isso, mas não deixa de ser preocupante observar as pessoas deformarem e empobrecerem a língua, usando, por exemplo, “sobre” como regência de quase todos os verbos.

Em vez de “comentou os fatos” dizem “comentou sobre os fatos”; em vez de “quando falou do problema”, dizem “quando falou sobre o problema”; em vez de “alertado do ataque”, dizem “alertado sobre o ataque”, e por aí vão.

Em certas frases, o uso de “sobre” chega ao limite do desatino: “o deputado aguarda o desmentido sobre a denúncia”, quando seria muito mais simples e elegante dizer “aguarda o desmentido da denúncia”. Vá você, agora, explicar como surgiu essa mania do sobre, que espero seja apenas uma mania, como outras que surgiram e se foram.

Lembram-se da época em que todos usavam a expressão “a nível de”? Servia para qualquer coisa, como ouvi um entrevistado afirmar que, “a nível de ração para porcos, o melhor seria...”. Felizmente, essa mania passou, o que me faz crer que a língua termina por excluir de si as excrescências que nela se introduzem. Mas parece que nem sempre, porque, às vezes, o mau uso se generaliza e até mesmo se oficializa.

Existe coisa mais descabida do que chamar de “sambódromo” uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, “-dromo” quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1.

Muitas vezes, à irreverência junta-se a ignorância, a pouca leitura dos bons escritores. Não é que tenhamos de escrever como escrevia Camões, mas o conhecimento do idioma, em seus diferentes momentos históricos e em suas mudanças, ajuda-nos a preservar a língua no que tem de essencial como também a transformá-la sem lhe trair a natureza. É essa ignorância que leva alguns redatores de televisão a substituir “risco de vida” por “risco de morte”, achando que esta é a expressão correta. Ganha-se em obviedade e perde-se em elegância.

Já mencionei aqui, noutra ocasião, a tal lei da termodinâmica, segundo a qual os sistemas tendem à desordem. Sendo a língua um sistema, está sujeita a desorganizar-se, como o atestam os exemplos citados, tanto mais hoje em dia, quando a TV induz milhões de pessoas a falar errado. Essa mesma TV que poderia se tornar um instrumento decisivo na luta contra a entropia. Ou será que escrever certo é elitismo?

Fonte: Ferreira Gullar, "Folha de S. Paulo", Ilustrada, 20/6/2010.

PS: em relação ao "este" e "esse", canso de falar aos meus alunos, mas eles - e a imprensa em geral - parecem dar pouca importância...

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Música no parque

A manhã de domingo surgiu azul. Ensolarada. Bela. A última manhã do outono, um clima perfeito para um passeio no parque. Um domingo diferente, de jogo do Brasil na Copa do Mundo.

Este domingo – que já se anunciava especial – foi contemplado ainda com um projeto dos mais felizes. O “Música no Parque” levou a Orquestra Sinfônica de Limeira pela primeira vez ao Parque da Cidade. O repertório foi pensado para o domingo de jogo do Brasil: só música brasileira, clássica e contemporânea.

A abertura do programa não poderia ter sido melhor: “O Guarani”, obra-prima de Carlos Gomes.

O encerramento teve um mix de Luiz Gonzaga. Antes, Villa Lobos e Tom Jobim (como “Samba do Avião” no vídeo abaixo), entre outros nomes menos conhecidos.

Não faltou o tradicional “bis” após apelo do público, pequeno, diverso e entusiasmado. O público, aliás, foi um capítulo à parte. Ver o parque e o gramado serem tomados por senhoras, por jovens casais com seus filhos ainda bebês, por crianças, por adultos que misturaram à música uma leitura foi estimulante.

Em tempo: como lembrou o maestro Rodrigo Müller, o concerto no parque, ao ar livre, era um sonho antigo. Realizado como parte das comemorações pelos 15 anos da Orquestra Sinfônica de Limeira.

A expectativa é que novas edições do projeto “Música no Parque” ocorram (há uma previsão para agosto).

Aliás, quem deseja saber mais sobre a orquestra, inclusive a programação de concertos, pode acessar o blog oficial clicando aqui.

Após o concerto, como o domingo presenteou os limeirenses com uma bela manhã, restou ainda um passeio pelo parque, onde a natureza (aqui representada pelo colorido do pássaro no viveiro) mostra seu vigor.


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Verdade póstuma

"Nossa única defesa contra a morte é o amor."
José Saramago, escritor português, único prêmio Nobel de Literatura em Língua Portuguesa.

quarta-feira, 16 de junho de 2010 | | 0 comentários

Multar em Limeira custa caro

A Prefeitura de Limeira gasta pelo menos R$ 244.553,00 por mês com recursos para aplicação de multas. São R$ 111.666,00 com o aluguel de oito radares estáticos para controle de velocidade (custo total anual de R$ 1,340 milhão, contrato assinado com a Engebrás S/A Indústria, Comércio e Tecnologia de Informática no dia 25 de maio).

Além disso, são gastos mais R$ 21.700,00 por mês com serviços técnicos de “processamento, administração e gerenciamento de multas de trânsito” aplicadas pelos agentes (total anual de R$ 260.400,00, contrato assinado com a Cobrasin Brasileira de Sinalização e Construção Ltda. no dia 7 de junho).

E tem outros R$ 111.186,90 com "execução de serviços de operação, manutenção e instalação de fiscalizadores de trânsito" - ou mais precisamente radares fixos para controle de velocidade em 55 faixas (custo total anual de R$ 1,334 milhão, contrato com a mesma Engebrás S/A prorrogado no dia 14 de abril).

Tendo um gasto fixo mensal de quase R$ 250 mil com equipamentos e sistemas para aplicação e gerenciamento de multas de trânsito, pode-se supor que a Prefeitura de Limeira procura arrecadar valor igual ou superior para custear estas atividades. De que forma? Aplicando multas?

Não quero sugerir aqui haver em Limeira uma “indústria de multas”. Basta uma volta pela cidade para averiguar uma sequência de abusos no trânsito (vide a foto abaixo de um motorista que parou o trânsito na Rua Alberto Ferreira, no Centro, porque ao sair do Sempre Vale não quis dar a volta pela Rua Carlos Gomes, optando por uma conversão proibida – que teve dificuldades de realizar).

No entanto, não deixa de soar estranho um gasto relativamente alto para punir os infratores no trânsito. No caso do contrato com a Cobrasin, seria inclusive uma espécie de “terceirização” do gerenciamento das multas.

Em tempo: os extratos dos dois primeiros contratos citados nesta postagem foram publicados no Jornal Oficial do Município desta quarta-feira, 16/6; o do terceiro saiu no Jornal Oficial de sexta-feira, 18/6.

PS: dados atualizados em 20/6.

segunda-feira, 14 de junho de 2010 | | 0 comentários

Imagens do fim de semana

Um sol poente

Um café bicolor, com leite condensado

Uma força para o Brasil no céu

Uma lua cheia

Uma borboleta no vidro do carro

sexta-feira, 11 de junho de 2010 | | 0 comentários

Os pedidos de Limeira

Limeira sediou na última quarta-feira, dia 9, uma audiência pública promovida pela Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia Legislativa. Foi na Câmara Municipal. Em pauta, o orçamento do estado para 2011 – estimado em R$ 140 bilhões. Foi a segunda vez que sediou esse tipo de reunião, de extrema importância para uma cidade praticamente sem representatividade política junto aos governos estadual e federal.

A importância do debate, porém, não foi suficiente para comover a (quase) sempre apática sociedade limeirense. Nenhum representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ciesp (Centro das Indústrias de São Paulo), Acil (Associação Comercial e Industrial), Ideli (Instituto do Desenvolvimento de Limeira), Sicomércio (Sindicato do Comércio Varejista) ou de sindicatos de trabalhadores foi anunciado.

Tampouco estavam lá aqueles que deverão pedir nossos votos para nos representar na Assembleia – algo inconcebível e lamentável, afinal os futuros deputados vão lidar com o orçamento discutido este ano e as emendas aprovadas. Dos pré-candidatos, compareceram apenas o vereador Paulo Hadich (PSB) e o já deputado Otoniel de Lima (PTB) – que é membro da comissão. Constância Félix (PDT), Kleber Leite (PTB), José Luiz Gazotti (PSDB), Osmar Lopes (PT) faltaram.

Durante o encontro, o prefeito Silvio Félix (PDT) decidiu colocar o dedo na ferida – no que foi bastante feliz. Após citar “boas parcerias” com o Estado nas obras do Anel Viário (a ser feita), novo Fórum (a ser feito), AME (Ambulatório Médico de Especialidades), escola do Jardim Lagoa Nova (a ser feita - Otoniel acusou nesta sexta-feira a prefeitura de cometer 21 erros no projeto, o que estaria atrasando a obra) e recapeamento da vicinal de Limeira para Artur Nogueira, o prefeito pediu que o governo estadual “cumpra suas obrigações”. “Se o Estado fizesse sua parte já estaria bom”, afirmou.

Só para se ter uma ideia, segundo o prefeito, Limeira gasta R$ 170 mil por mês com salários de servidores cedidos ao Estado. Também paga alugueis de órgãos estaduais, como a Diretoria Regional de Ensino (R$ 55 mil, contrato prorrogado em 16 de abril por mais 12 meses, conforme extrato publicado no Jornal Oficial do Município do dia 10/6).

Félix mencionou também que as escolas estaduais estão “pedindo socorro”. Reclamou que o Programa “Melhor Caminho” fornece máquinas por apenas um mês para o município cuidar das estradas rurais. Disse que o governo paga apenas R$ 0,22 por aluno (do diurno) para a merenda e que o município custeia sozinho a refeição para seis mil alunos do noturno nas escolas estaduais, já que eles “não existem” para o Estado.

Pediu mais delegados e pms para Limeira, mais servidores para o Judiciário (o município tem que ceder funcionários para a Justiça), construção de marginais nas rodovias de acesso a empresas e bairros e mais verbas para a duplicação do Anel Viário (o Estado já deu cerca de R$ 6 milhões), que serve de ligação para trechos de estradas concedidas à iniciativa privada pelo Estado.

O prefeito pediu ainda a inclusão no orçamento de verbas para o Festival Paulista de Circo de 2011.

Outros pedidos:

Otoniel - construção do prédio da 5ª Companhia da PM em Limeira;

Hadich – pavimentação da estrada do Lagoa Nova, construção de marginais nas rodovias e centralização dos distritos policiais em um novo prédio;

Neide Gonçalves, presidente do PT de Limeira – ampliação do sistema de galerias, Centro Comunitário e investimentos em medicina natural;

Ronei Costa Martins, vereador do PT – duplicação da Via Limeira/Iracemápolis, construção de passarela nessa via em frente ao Isca Faculdades e valorização dos professores;

Fátima Marina Celim, vereadora do PT em Cordeirópolis – construção de um Fórum, obras na Rodovia Constante Perucchi e na escola “Jamil Abrahão Saad” e construção de um Centro de Referência e Atendimento à Mulher Vítima da Violência, todos em sua cidade;

Fábio Santos de Moraes, secretário-geral da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) – valorização do magistério;

Representante dos servidores do Judiciário* - R$ 2 bilhões para o Tribunal de Justiça pagar passivos trabalhistas;

Representante da polícia científica* - melhor estrutura para a corporação e valorização profissional;

Mário Botion, vereador do PR – melhorias nas estradas rurais, mais unidades escolares e funcionários para órgãos estaduais;

Dalva Radeschi, presidente do Sindicato dos Bancários de Limeira – investimentos na Fundação Casa e em penitenciárias, no Corpo de Bombeiros, em assentamentos rurais, em segurança na área rural, realização contratação de servidores, reforma das escolas estaduais, manutenção do ARE (Ambulatório Regional de Especialidades) e construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia);

Ivan Roncatto, major da PM de Limeira – investimentos no pelotão e nas companhias da PM na cidade, reforma da sede do 36° Batalhão e melhorias salariais para os servidores;

Aloísio Marinho de Andrade, suplente de vereador do PT e assessor de deputado – investimentos na Santa Casa e na polícia;

Júlio César Pereira dos Santos, ex-vereador, médico e representante das Faculdades Einstein – convênio para a clínica-escola da faculdade, construção de um hospital psiquiátrico e de um centro de reabilitação como o “Lucy Montoro” e reativação do transporte ferroviário;

José Donizete, representante da zona rural – melhorias das estradas rurais e da segurança na área;

Roberto Martins, empresário –contratação de servidores, investimentos em segurança, nas estradas rurais, na Santa Casa, mais policiais e delegados, revisão da legislação tributária na área ambiental, Fatec, diálogo com a Artesp (Agência Reguladora dos Transportes) e concessionárias Autoban e Intervias, melhores salários para professores e policiais;

Assessor do vereador Antonio Braz do Nascimento, Piuí (PR)* - construção de um hospital municipal e de uma unidade do Poupatempo.

PS: ao final, Félix deu três informações a respeito de pedidos feitos. 1) o Estado aceitou dividir os custos, junto com a prefeitura e moradores, da pavimentação da estrada do Lagoa Nova e Lopes, na zona rural; 2) está em estudo uma ligação da Rodovia SP-147 até Iracemápolis; 3) Poupatempo está confirmado, aguardando só indicação de imóvel pela prefeitura e definição dos serviços a serem oferecidos.

* Nomes não anotados
** Fotos de divulgação da Câmara de Limeira e da Assembleia

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As formas da fé

Esta postagem foi inspirada no jornal "Nossa Igreja Diocesana", da Diocese de Limeira, edição especial número 24, ano 2, de janeiro. Na última página, a publicação trouxe imagens de 11 igrejas incomuns, seja pela arquitetura, pela localização ou pela grandiosidade.

Achei bastante interessante e decidi reproduzir algumas delas:

Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória, Maringá (PR)

Catedral de Nossa Senhora Aparecida, Brasília (DF)

Capela Notre Dame du Haut, Ronchamp (França), projeto do arquiteto Le Corbusier

Catedral de São Sebastião, Rio de Janeiro (RJ)

Igreja de Deus Pai Misericordioso (ou Igreja do Jubileu), Roma (Itália), feita em 2003, a mais recente de 104 igrejas romanas erguidas desde o século 3

quinta-feira, 10 de junho de 2010 | | 0 comentários

A infografia na imprensa

As recentes reformas gráficas e editoriais dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” acentuaram o valor que as imagens e os infográficos passaram a ter na mídia impressa. Não que estes recursos sejam novos; apenas busca-se valorizar novas formas - mais práticas e didáticas - de contar histórias e/ou dar informações.

No feriado prolongado de Corpus Christi, por exemplo, no lugar de consumir dezenas de linhas para abordar o trânsito nas rodovias, a “Folha” optou por um infográfico informando horários, pontos de lentidão e obras nas principais estradas do país. Funcionou melhor.

Recorrer aos infográficos, porém, exige mais do que conhecimento técnico, como se vê na participação do infografista espanhol Alberto Cairo no Seminário Internacional de Jornalismo Online, ocorrido recentemente em São Paulo. Como ele destaca, mais do que a técnica, fazer um infográfico exige informação precisa.

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Em busca das origens

Sempre gostei de história. Logo, interessar-me pelo passado da minha família (e, por conseguinte, pelo meu próprio passado) foi um passo. Por parte de pai (Piscitelli e Barros) e mãe (Degáspari e Vialle), tenho ascendências italiana e portuguesa.

Da família Barros, só restou a história oral. Ainda estou à procura de mais documentos dos ascendentes – sei que um bisavô, Vicente Ferraz Pacheco, pai da minha avó, Clementina Barros Piscitelli, e consequentemente avô do meu pai foi advogado e prefeito de Limeira em 1924.

Da família Degáspari, nenhuma informação precisa.

Dos Vialle, tenho o registro de chegada ao Brasil de uma bisavó, mãe do meu avô Natale Degaspari e consequentemente avó da minha mãe. Marina Vialle era oriunda de Vicenza (ou Vicencia, como consta no documento), na Itália. Ela desembarcou no porto de Santos em 6 de fevereiro de 1888 vinda no navio Independente (ou seria Independence, que tem um registro de chegada no Rio de Janeiro em 15 de janeiro daquele ano?). Tinha dez anos. Na década de 1940, morava na Rua Conselheiro Saraiva, 145, no Centro.

Dos Piscitelli, descobri o pioneiro. Ângelo chegou ao Brasil em 7 de setembro de 1882 a bordo do navio Bearid (ou seria Bearn?), procedente do porto de Gênova. Tinha 25 anos. Ficou na Hospedaria do Imigrante (registro no livro 001, página 071), de onde consegui as informações. No Brasil, virou capitão. Hoje, é nome de rua em Limeira, na Vila São João, curiosamente a poucas quadras da minha casa.

Sei também que os Piscitelli moraram no núcleo colonial de Cascalho, em Cordeirópolis. O nome da família consta do monumento erguido em 1993 em frente à Igreja Nossa Senhora da Assunção, naquele bairro, para comemorar o centenário da chegada dos italianos ao local. Também foi iniciativa da famíliaa doação da coroa que ornamentava a imagem da Nossa Senhora na mesma igreja. Infelizmente, a coroa foi furtada há alguns anos.

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Arte debaixo da terra

Já escrevi no meu blog Piscitas – Travel & Fun, no qual falo de viagens, sobre os metrôs e a riqueza cultural e até antropológica desses locais mundo afora. Pois agora essa riqueza, no aspecto cultural, começa a invadir os metrôs brasileiros.

Recentemente, o governo de São Paulo organizou uma exposição sobre arte cibernética em seis estações do metrô. As obras – de artistas brasileiros e estrangeiros - fazem parte do acervo da Fundação Itaú Cultural. A ideia, segundo o governo, é promover uma interação entre obra e público, característica da arte contemporânea.

“Na Estação Brás, por onde entram 102 mil pessoas por dia, em média, a obra ‘Descendo a Escada’, da brasileira Regina Silveira, dá aos visitantes a diferente sensação de uma descida virtual.

Na Estação República, os usuários podem atuar como compositores musicais graças à instalação ‘OP_ERA: Sonic Dimension’, das brasileiras Daniela Kutschat e Rejane Cantoni. São centenas de linhas verticais luminosas que, quando tocadas, produzem luz e som.

Uma ‘cachoeira’ de algarismos cai sobre os visitantes da obra ‘Reflexão #3’, de Raquel Kogan, na Estação Tiradentes. (...)

‘Text Rain’ é a obra instalada na Estação Corinthians/Itaquera. Conforme diz seu título, é uma ‘chuva’ de letras. Em um efeito extremamente interessante, os usuários podem formar palavras com as letras que forem se acumulando na projeção de seus corpos. As artistas responsáveis pela obra são Camille Utterback e Romy Achituv.

Um jardim virtual com sementes de flores de dentes-de-leão, que podem ser ‘sopradas’ na Estação Paraíso, está aberto para os visitantes da instalação Les Pissenlits, obra dos autores Edmond Couchot e Michel Bret. A duração do sopro do visitante dá o movimento às flores.

Outro jardim virtual fica exposto na Estação Sé, por onde circulam 760 mil pessoas por dia. Ocupado pela obra Ultra-Nature, criada em 2008 por Miguel Chevalier, o jardim conta com uma flora com seis variedades de plantas digitais coloridas. Por meio de sensores, os usuários visitantes podem dar vida e movimento às plantas, que vão ganhando novas formas”.

Infelizmente, a exposição “Arte Cibernética” já terminou. O importante, porém, é saber que definitivamente a arte foi incorporada a um dos locais de maior fluxo de pessoas em São Paulo. Isto é democratizar o acesso à cultura.

Agora, é esperar pelas próximas.

* Fonte do trecho entre aspas: Governo de São Paulo; fotos de divulgação.

terça-feira, 8 de junho de 2010 | | 0 comentários

Do chiclete à mídia: lembranças de uma viagem

Anotações de um diário de viagem:

- adoro chiclete de melancia. Nos EUA, mais de 200 variedades de melancia são cultivadas (li numa embalagem de chiclete).

- por que os taxistas insistem em ter nomes estranhos, como Ashenlalu Adenkule?

- são os taxistas que não falam bem o inglês ou sou eu que não entendo nada da língua?

- será que falta bom senso à imprensa norte-americana ao usar como chamada da notícia sobre a morte do ator Patrick Swayze a frase “Patrick´s last dance” (“A última dança de Patrick”)?

- será que sobra sensacionalismo na imprensa norte-americana ao usar como chamada, em pleno 11 de setembro, o fato do país estar “sem ataque terrorista desde 2001”?

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A vez do mamão

Primeiro foi o tomate (leia aqui). Agora minha mãe decidiu plantar mamão no jardim de casa. E a lavoura já está dando frutos...

segunda-feira, 7 de junho de 2010 | | 0 comentários

As "entranhas" norte-americanas

Os Estados Unidos são um país diverso. Tal como o Brasil. E não podia ser diferente: são duas das maiores extensões territoriais do globo. Assim, falar em “american way of life” ou em “american dream” pode soar estranho. Aparenta uma unidade que muitas vezes não se confirma na prática.

No campo político, mais do que unidade, o que se tem é divisão. Republicanos e democratas (só para ficar nos partidos dominantes) têm posições conflitantes sobre assuntos diversos, que vão da economia à guerra e ao aborto (todos temas caros aos norte-americanos).

Não pretendo discorrer sobre a política americana. Especialistas fazem isso muito melhor. Só não quero ignorar um fenômeno que está ocorrendo na terra do Tio Sam - e que por acaso me parece ligado intimamente à nova realidade política do país.

Não se sabe se em razão do desastre econômico recente ou do governo George W. Bush, o fato é que a histórica ascensão ao poder do primeiro presidente negro dos EUA causou um impacto extremamente positivo e um fio de esperança em muitas pessoas, mas ao mesmo tempo parece ter despertado um raivoso reacionismo da ultradireita norte-americana. E os reflexos disso estão por todo lado.

Estive nos EUA em setembro de 2009. No noticiário, surgiam as primeiras “acusações” de que o presidente Barack Obama seria “comunista” - muito disso fruto da reforma no sistema de saúde proposta por ele. Paralelamente, Obama fez naqueles dias um pronunciamento aos estudantes, via Internet. Era o “back-to-school message”, uma mensagem de boas-vindas na volta às aulas (algo que não ocorria desde 1991).

A fala motivou um debate acalorado. Em muitos lugares, pais proibiram os filhos de irem à escola no tal dia do pronunciamento. Muitas escolas não transmitiram a fala presidencial. Tudo porque “temiam” que o presidente usasse a rede para transmitir ideias “comunistas”.

Não foi à toa que a manchete do
“Richmond Free Press” de 10-12 de setembro foi: “Presidente fala – e estudantes ouvem”.

“Richmond foi o único distrito escolar na região onde os alunos puderam ouvir o discurso após a polêmica liderada (...) por apresentadores de TV conservadores, que procuraram torpedear o discurso antes que ele fosse feito.

A maioria dos outros distritos escolares (...) escolheu não apresentar o discurso do presidente (...).

Nesta área, Goochland e Henrico foram os outros únicos distritos a permitir a transmissão. No entanto, em Goochland, os professores foram autorizados a tomar a decisão e alguns não mostraram o discurso. Em Henrico, os professores foram informados de que deviam (...) obter permissão dos pais antes de deixar que os alunos vissem o presidente falar; alguns não conseguiram a permissão.

O discurso foi ignorado nas escolas de Chesterfield, Charles City, Colonial Heights, Hanover, New Kent, Petersburg e Powhatan.”

A fala presidencial ainda dominou a página de opinião do jornal, com dois artigos (“Misericórdia! Receios de Obama, a educação” e “Obama critica a falta de educação”), e a seção de cartas dos leitores (“Nós aplaudimos Obama por estimular os estudantes”). “Aqueles que se opõem à mensagem do presidente são incapazes de aceitar a mudança”, escreveu Patricia Brown. “A oposição (de alguns pais e diretores) à mensagem de Obama tem mais a ver com ódio e política”, citou Stuart Spears, ambos de Richmond.

B.J. Carter, de Henrico, tocou na ferida: “Minha pergunta sobre a reação amarga ao discurso do presidente aos estudantes é: se a mesma mensagem tivesse sido feita por algum dos últimos presidentes, haveria tamanho alvoroço? Ou isso é um anti-Obamismo relacionado ao fato de que o tom da pele do atual presidente é permanente e não obtido a partir de um salão de bronzeamento ou loção bronzeadora?”

A polêmica em torno do discurso parece besteira, mas para quem conhece a sociedade americana e o peso que ela dá a certos rituais, sabe que não foi pouco. Começava a se materializar a tal reação conservadora.

A questão apareceu também na tradicional revista “New Yorker” de 21 de setembro de 2009. No artigo
“Mentiras” da seção “The Talk of the Town - Comment”, o editor sênior Hendrick Hertzberg citou que “mentiras e fantasias sobre a reforma do sistema de saúde apareceram juntas com mentiras e fantasias sobre o próprio chefe do Executivo. Obama está planejando criar painéis da morte, tribunais oficiais para autorizar a eutanásia em idosos e doentes. Obama nasceu no Quênia e, portanto, sua presidência é inconstitucional. Obama vai cortar benefícios do Medicare para fornecer cobertura a estrangeiros ilegais. Obama tenta doutrinar as crianças na ideologia Marxista e colocar os adolescentes em ‘campos de reeducação’. Obama é Comunista. Obama é Fascista".

Para Hertzberg, trata-se de um tipo de “paranoia lunática - movida pelo populismo, nativismo, racismo e anti-intelectualismo”, comum em “tempos de confusão econômica”. Como instrumento, ele identifica uma “conservadora aliança construída em torno de meios de comunicação”.

Chamou-me a atenção também manifestações de leitores num jornal a respeito de uma situação que ocorria nas escolas. Bullying. Contra imigrantes. Um problema reforçado pelo texto que li recentemente no blog de Isabelle Biajoni, fato que gerou uma postagem neste blog (leia aqui).

E mais um indicativo de que algo de estranho ocorre nas escolas americanas foi dado pelo repórter Flávio Fachel, da TV Globo, via Twitter. Recém-chegado a Nova York, onde deve ficar pelo menos até 2012 como correspondente, ele escreveu que “a divisão entre americanos brancos, negros, hispânicos, asiáticos e latinos nas escolas salta aos olhos...”.

“Coisas de NY: na hora de escolher a ‘high school’, pais levam em conta a quantidade de alunos brancos, negros, latinos e asiáticos na escola. Dêem uma olhada no site insideschools.org. Esse é um site independente que orienta os pais na escolha das escolas. Uma das características apresentadas é ‘ethnicity’. A cultura local. Aqui, latino é meio ‘segunda categoria’.”

Outro repórter da Globo, Rodrigo Alvarez, correspondente na Costa Oeste, fez - também via Twitter – uma constatação: “a chegada de Obama no pós-crise fez renascer espíritos extremistas num país que sempre foi à direita do mundo, mas próximo ao centro”.

Ele cita como o talvez maior exemplo disso a recente lei anti-imigração aprovada no estado do Arizona. “O país dos imigrantes vai caçar imigrantes ilegais. Lei assinada agora. Criticada por Obama. Celebrada pela direita raivosa. Andar no Arizona sem documento de imigração será crime. Sair do hotel sem passaporte pode dar cana. E tem mais... Arbitrariedades à vista: a polícia do Arizona vai poder deter qualquer um que considerar suspeito de ser imigrante ilegal”, escreveu.

Para Alvarez, este “é mais um sinal da grande virada à direita na ideologia americana”. Segundo ele, as chamadas “tea parties” crescem. “São encontros de radicais, onde cresce a liderança de radicais de direita como a ex-governadora Sarah Palin (do Alasca) e o radialista Glenn Beck. A lei do Arizona foi apoiada pelo ex-candidato à presidência John McCain. Um homem de centro, pressionado pela necessidade política. Um tuiteiro disse, curiosamente: o Arizona é onde o Oeste encontra o Sul profundo. O sul profundo, pra quem não lembra, é a América racista”.

Ainda conforme Alvarez, a questão que ganha força é: “quanto disso é ‘reação’ a um presidente negro? Quanto desse renascimento da direita não é ‘reacionário’? O crescimento nada silencioso da direita não-politizada. O cidadão comum que leva arma pro comício”.

E ele não parece otimista. “Ando muito por esse país. Conheço bem o Arizona. Conversei com muitos imigrantes. Conheci policiais da fronteira. Não imagino coisa boa. Na região de Boston, aqui no Nordeste, muitos brasileiros reportam um crescente abuso no tratamento da polícia. Falam em perseguição. O clima não é bom desde Bush. Mas as ações exageradas da polícia eram reprimidas. O Arizona institucionaliza a ação ‘preventiva’. Racismo?”, questiona.

O fato chama ainda mais a atenção se relembrarmos a história dos EUA, uma nação construída por imigrantes. “Descendentes de italiano? De Niro, Di Caprio... O Arizona muda a trajetória”, citou Alvarez.

Em tempo: para quem quiser saber mais sobre este assunto complexo, recomendo a leitura do livro de Alvarez “O país de Obama”. Imperdível!

* A imagem do pedinte americano foi feita pelo repórter Rodrigo Bocardi; a do protesto contra a lei do Arizona é do cinegrafista Orlando Moreira. Ambos atuam na Rede Globo em Nova York.


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Lixo eletrônico

Televisão é essencialmente um trabalho de equipe. Câmera, produção, pauta, edição, reportagem, exibição, qualquer erro em qualquer uma destas etapas afetará o resultado final.

Desde que passei a coordenar a edição do “Jornal da Cidade”, principal jornalístico da TV Jornal de Limeira e programa mais antigo da casa (de segunda a sábado, 19h30), tive como uma das minhas metas realizar uma série de reportagens por mês. Por enquanto, temos cumprido a tarefa. Já fizemos séries sobre o que fazer com o 13° salário, as opções de férias em Limeira, os 115 anos da Santa Casa, o mato alto pela cidade, o lixo eletrônico e agora sobre o clima da Copa do Mundo.

Algumas delas surgiram meio ao acaso, como a do mato alto (fruto de tantas reclamações recebidas na emissora). Outras tiveram muito planejamento. É o caso da série sobre o lixo eletrônico. Ela foi, de longe, a mais trabalhada e a mais trabalhosa, já que nos propusemos a ouvir uma série de especialistas. Foram pelo menos 15 dias de captação de informações (imagens e entrevistas). Considerando toda a concepção, pesquisa e produção, foi quase um mês de trabalho.

A coordenação de toda a série foi minha. A execução coube ao repórter Carlos Giannoni; aos cinegrafistas Vinícius Cuccio, Renan Fernando e Rodrigo Pereira; ao editor Tales Frezza e ao artefinalista Fernando Santarosa. O resultado foram cinco reportagens abordando: 1) panorama geral; 2) a falta de locais para descarte de materiais; 3) lixo virtual; 4) problemas ambientais; e 5) reciclagem.


A seguir você pode conferir a matéria de abertura da série. Para ver as demais, clique aqui.

sábado, 5 de junho de 2010 | | 0 comentários

E o PT de Limeira diz "não!"

O PT de Limeira ressurgiu. Indignou-se com a pressão para aderir ao governo Silvio Félix (PDT). “Pressão” e “aderir” podem ser palavras fortes, mas o ato e a intenção da cúpula petista em nível estadual e nacional não ficam muito longe disso.

Como este blog já informou, petistas de Limeira foram “enquadrados” pela cúpula do partido em razão da oposição ao governo pedetista em Limeira. O PDT é da base aliada do presidente Lula. O “enquadramento” se deu um dia antes da visita à cidade da então ministra-chefe da Casa Civil e hoje pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, em janeiro.

No ano passado, o líder do governo na Câmara Federal, deputado Cândido Vacarezza (PT), já havia rasgado elogios a Félix também durante visita a Limeira. Chegou a dizer que o prefeito faz uma “excelente” administração, como também informou este blog (leia aqui).

Isto posto, o PT de Limeira reagiu. O diretório municipal enviou há cerca de 15 dias um manifesto ou carta (chame como quiser) à executiva estadual e federal do partido com um recado: não tem jeito! “Não dá para apoiar este governo”, confidenciou um importante petista limeirense.

Este mesmo petista jura que nunca houve forte pressão pela adesão ao governo, mas admite um incômodo com as frequentes trocas de afagos entre a cúpula do PT no Estado e no país e o prefeito de Limeira. Para o petista limeirense, fazer parte da aliança eleitoral em prol de um projeto nacional tudo bem, mas aliviar a barra de Félix ou aderir ao governo é impossível.

Aliás, parte do PT de Limeira – rachado em três grupos, pelo menos – contesta inclusive o entusiasmo da cúpula petista com o apoio pedetista à candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. “Não dá para subir naquele palanque”, disse o petista limeirense referindo-se ao 2° Encontro Estadual do PDT ocorrido em Limeira, ocasião em que petistas e pedetistas estiveram juntos (leia mais aqui e aqui).

Para o petista local, contar com o apoio do PDT em nível nacional tudo bem, os partidos já estiveram juntos em eleições passadas, com o ex-governador Leonel Brizola (já falecido), “mas com esse pessoal aqui de São Paulo não dá”.

Em tempo 1: estavam no evento do PDT o vereador petista Ronei Costa Martins (a contragosto), a presidente do PT de Limeira, Neide Gonçalves, e o pré-candidato a deputado pelo partido, Osmar Lopes.

Em tempo 2: Lopes não contará com apoio de parte do PT local, que deve embarcar nas campanhas do ex-deputado Renato Simões e do ex-secretário da Educação de Cordeirópolis, Adinan Ortolan.

Na avaliação do petista limeirense, a adesão do partido ao governo Hélio Santos (PDT), em Campinas, foi equivocada. “Veja o que aconteceu com o partido lá”, comentou.

A manifestação do PT de Limeira à cúpula estadual e nacional reforça a posição que o vereador Ronei já havia passado em entrevista à TV Jornal de Limeira durante o evento do PDT: da parte dele, nada mudará.

Ou seja: as dores de cabeça de Félix devem continuar.

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O universo revelado

Um dos maiores experimentos da ciência na área cósmica completou recentemente 20 anos de atividade – e descobertas. O telescópio espacial Hubble expandiu a visão que o homem tinha do universo. "Capturou o extraordinário", como define o site oficial que relembra as duas décadas de exploração espacial por meio dos olhos do supertelescópio.


Por meio do Hubble, desde 1990 foi possível testemunhar as “mais perigosas, espetaculares e misteriosas profundezas do cosmos”. Nos últimos 20 anos, o homem acompanhou a saga desse telescópio, observando uma parte do universo que estaria eternamente invisível aos nossos olhos sendo revelada imagem após imagem. Foram mais de 30 mil objetos vistos pelas lentes do Hubble.

E em que pese suas imagens tenham permitido mudar a astronomia, “seu legado ainda está por concluir”.

Enquanto isso, podemos ver ou rever as espetaculares imagens capturadas pelo Hubble durante suas duas décadas de trabalho. Elas estão disponíveis no site oficial do supertelescópio (clique aqui). São imagens impressionantes, muitas vezes impressionistas. Confira algumas delas:



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Ao vivo é ao vivo...

Isto é manter a compostura...

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Frase

"Oh, I get by with a little help from my friends.
I get high with a little help from my friends.
Gonna try with a little help from my friends."

("With A Little Help From My Friends", de John Lennon e Paul McCartney)

sexta-feira, 4 de junho de 2010 | | 4 comentários

A antiga estação do Tatu

A Prefeitura de Limeira anunciou recentemente, por meio da Secretaria de Turismo e Eventos, a abertura de licitação para restaurar um dos mais simbólicos pontos históricos do município: a antiga estação ferroviária do Bairro do Tatu, inaugurada em 30 de junho de 1876.

A obra, ainda sem prazo para começar, deve custar cerca de R$ 200 mil. É pouco, como também será pouco apenas restaurar a estação – um imóvel modesto, dividido em quatro salas, sendo uma maior e duas menores, mais o banheiro. O local foi visitado no último dia 22 de abril pelo secretário de Turismo e Eventos, Marcos Francisco Camargo, e por uma equipe técnica da prefeitura.

A reforma do prédio faz parte de um projeto mais amplo, de implantar um trem turístico ligando as estações do Tatu e do Centro por meio de uma Maria Fumaça. Para isso, será preciso não só restaurar a antiga estação do bairro rural como também obter autorização da América Latina Logística (ALL) para utilizar o único trilho que liga os dois locais.

Este será, porém, um problema menor. Gestões administrativas e até políticas podem garantir o direito ao uso em determinados horários. O essencial no projeto será revitalizar o entorno da antiga estação e, talvez, o próprio bairro do Tatu.

Não que a região esteja abandonada (a área da estação propriamente dita está). O Tatu é um bairro habitado por muitas pessoas, com vida própria. No entanto, estas pessoas não foram treinadas para fazer o que em turismo se chama de “receptivo”.

Além disso, o acesso à antiga estação do bairro é precário, sem indicação e por uma via de terra tomada pelo mato. Ao redor, casas da antiga Companhia Paulista, habitadas - embora sejam patrimônio do município, segundo a presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Artístico (Condephali), a arquiteta Juliana Binotti Pereira Scariato.

Juliana assina o projeto de restauro da estação do Tatu juntamente com a arquiteta Cassiana Francisco (ambas acompanharam a visita do secretário no dia 22).


A proposta de implantar um trem turístico pode ter apoio do Ministério do Turismo, que tem um grupo de trabalho para tratar do assunto. Segundo notícia divulgada pelo ministério no último dia 21 de maio, “os trens turísticos e culturais agregam valor aos destinos brasileiros, contribuindo para a preservação da memória ferroviária e se transformando em atrativos e produtos turísticos das regiões”.

Ainda segundo o ministério, visando “promover a valorização desses patrimônios, o Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário está elaborando uma cartilha explicativa e um formulário para a facilitar e agilizar a apresentação de projetos de trens turísticos no Brasil”.

Perto da antiga estação fica o famoso Casarão do Tatu, certamente o imóvel mais antigo de Limeira (seria do século 18), anterior à própria fundação da cidade (datada de 1826). Uma casa de valor imensurável, com sérios problemas estruturais (uma parede frontal caiu algum tempo atrás após um temporal), também precisando de um restauro com previsão de custar mais de milhão.

Ou seja: há muito trabalho a fazer. Como todo trabalho exige o primeiro passo, a reforma da antiga estação não deixa de ser alentadora.

Outros passos já foram dados. No último dia 15 de maio, o Jornal Oficial do Município divulgou a contratação pela prefeitura da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (sites aqui e aqui) para estudar a viabilidade técnica do projeto do trem turístico. Isso garante que gente especializada vai tratar do tema.


Em tempo 1: um dos raros exemplares construídos em taipa de pilão no Estado de São Paulo (talvez o mais antigo deles ainda existente), o Casarão do Tatu teve reconstruída a parte da parede frontal que caiu com a chuva. Foram usados blocos de concreto.

Em tempo 2: recomendo uma consulta ao site “Estações Ferroviárias”. Organizado por Ralph Mennucci Giesbrecht, trata-se de um dos mais ricos acervos sobre as estações ferroviárias no Brasil, com fotos históricas e atuais, dados técnicos e relatos históricos, além de informações sobre as visitas do organizador.

Para ir direto ao histórico da estação do Tatu, clique aqui; para a do Centro de Limeira, clique aqui.

Só para registrar: Limeira foi uma das últimas estações a manter ativo o transporte de passageiros. O último trem passou pelo local em março de 2001, já com a antiga Fepasa sob domínio da Ferroban (no dia 14 saiu de Campinas como 20 passageiros, como relatei na época no "Jornal de Limeira"; nos comentários, Giesbrecht cita o dia 15).