segunda-feira, 22 de junho de 2009 | |

As besteiras de Lula

Quem pensa que o presidente Lula não irá mais falar besteiras está enganado. Ele faz isso com mais frequência do que se imagina, seja na defesa de aliados sob suspeição (quem não se lembra do "todo mundo faz" no auge da crise do mensalão e caixa dois eleitoral?) ou nas previsões furadas (quem não se lembra da "marolinha" da crise econômica?).

Na semana passada, ante a onda de denúncias contra o Senado e o seu presidente, José Sarney, Lula elevou o acuado político (que tantas vezes o ajudou em situações delicadas, registre-se) a uma categoria diferenciada: a dos homens especiais. "Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse o presidente da República.

Sarney pode até ser imortal (ocupa a cadeira 38 na Academia Brasileira de Letras), mas daí a estar acima das leis é uma invenção lulista. Aliás, com essa frase, Lula - além de, mais uma vez, defender o time dos suspeitos - demonstra desconhecer princípio básico da Constituição, que versa em seu artigo quinto que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". Desconhecer? Pensando bem, Lula também deve se considerar na categoria dos "especiais". Mas e a lei? Ora, a lei...

Não bastasse isso, o presidente do Brasil taxou, sem nenhum conhecimento de causa, que os protestos no Irã contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad eram choro de derrotado. "A impressão que eu tenho é a de que o protesto é de quem perdeu".

"Eu não posso avaliar o que aconteceu no Irã. Agora veja, Ahmadinejad teve uma votação de 61% ou 62%. É uma votação muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude. (...) Eu não conheço ninguém, além da oposição, que tenha discordado da eleição no Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos", disse Lula, mostrando:

1) falta de bom senso: se não pode avaliar o que ocorre em outro país, fique quieto;
2) falta de informação: parte da comunidade internacional está questionando a eleição iraniana e Lula diz que só a oposição naquele país faz isso;
3) pobreza intelectual: sem melhores argumentos, recorre às já tradicionais menções futebolísticas para tentar explicar um grave problema internacional.

O presidente disse ainda que, no Brasil, contestar resultado eleitoral "está virando moda". "As pessoas que ganham as eleições perdem na Justiça e a oposição toma posse". Ora, alguém precisa avisar o chefe do Executivo nacional que a Justiça só afastou eleitos por causa de ilegalidades (e quem comete ilegalidade, salvo as figuras "especiais" criadas por Lula, deve ser punido).

Por fim, é bom avisar Lula que: 1) o Conselho dos Guardiões (órgão que supervisiona as eleições no Irã) admitiu ter havido irregularidades em pelo menos 50 zonas eleitorais; 2) ele está endossando um governo que censura a imprensa e reprime com violência a opinião alheia.

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