terça-feira, 30 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Frases que marcaram meu 2008

Fim de ano chegando e eu decidi rever algumas frases interessantes que ouvi em 2008 e que me marcaram de uma forma ou de outra. Por uma questão de respeito aos autores, que não foram consultados, manterei-as anônimas. Obviamente há uma ou outra incorreção de palavras, mas o que se pretendeu dizer é o que segue (claro que algumas vezes a verdade era exatamente o oposto do que se dizia, mas isto é uma outra história).

"Um muito obrigado seria muito pouco para agradecer tudo o que você me fez."

"Esta foi a melhor coisa que eu fiz este ano."

"Você é um amigo que me faz pensar!"

"Vou perguntar pela última vez: sua decisão é esta mesmo?"

"Eu queria ter uns cinco Rodrigos aqui."

"Pode contar comigo sempre."

"Por que você não acredita que eu sou seu amigo?!"

"Vou sentir muito a sua falta."

"O Jornal de Limeira é a sua cocaína."

"Obrigado professor!"

"Ela (a Torre Eiffel) é linda!"

"Esperava trabalhar com você mais um tempo ainda."

"Tente não levar as coisas tanto a ferro e fogo."

"A mouse? No. There is a lot of mouses here."

"Seu pai já está livre."

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Um segundo a mais

Atenção povo do Ocidente e Oriente: este ano - que já foi bissexto - vamos ganhar um segundo a mais de vida. Portanto, aproveitemos. Quando chegar o 31 de dezembro, às 23h59min59s, conte o 60º segundo e, antes de comemorar o Ano Novo, não se esqueça de acrescentar um outro segundo, o 61º. Maluco isso, não? Bom, a reportagem abaixo explica melhor do que eu.

Em tempo: se você não sabe o valor de um segundo, pergunte a um nadador ou a um corredor...

domingo, 28 de dezembro de 2008 | | 1 comentários

Balanço anual

Pois bem, 2008 está chegando ao fim e, embora para mim o tal de "ano novo" não faça nenhum sentido (a não ser criar uma ilusão de que a partir do dia seguinte tudo será diferente), é normal fazermos balanços nesta época. Eu confesso que estava até resistindo a isso, mas me pus a pensar e identifiquei quatro fatos que fizeram 2008 valer a pena.

Quero, antes de citá-los, deixar claro que os quatro fatores são de extrema, extrema importância para mim. Aí vão eles, em ordem cronológica:

1 - O ano - agora já quase velho - começou com o retorno (embora não da forma esperada) de um amigo. E isso fez muito diferença para mim em 2008;

2 - Fiz uma viagem simplesmente inesquecível. Estive em seis países, conheci lugares com os quais sempre sonhei (como Versailles e Londres), me diverti muito, enfim, foi o máximo;

3 - Comecei a dar aulas de jornalismo no Isca Faculdades e certifiquei-me de que a gente aprende e renova as forças lidando com os jovens;

4 - Solidifiquei uma decisão de mudança que me atormentava há algum tempo.

Pronto. Está aí, 2008 valeu! Para 2009, já que é tradição fazer pedidos, desejo simplesmente:

1 - Que o amigo que voltou e outros amigos estejam ao meu lado e que possamos nos divertir muito;

2 - Viajar, viajar, viajar (Itália???);

...

4 - Mudar, começar, criar, ousar.

PS: como se vê, pulei o item 3, sobre as aulas. É que estas já estão certas. E não será uma, serão três...

Em tempo: a caricatura que ilustra esta postagem é assinada pelo colega Renato Fabregat.

sábado, 27 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Uma sociedade doente

É preocupante a constatação revelada por uma cooperativa médica de saúde, tema de reportagem deste Jornal hoje, sobre a obesidade infantil crescente. De fato, os hábitos de vida da atualidade, que estimulam o sedentarismo, têm contribuído para aumentar as estatísticas de vários tipos de doenças, como as coronarianas.

As atividades físicas, ainda que espontâneas, foram excluídas do cotidiano. Não se caminha tanto, usa-se o carro; não se faz mais tarefas manuais, usam-se máquinas. Até o simples ato de levantar do sofá para mudar o canal da TV deixou de existir (usa-se o controle remoto). É comum ver crianças passando horas em frente à TV, ao computador ou ao videogame quando antes corria-se pelas ruas (aliás, a "perda" das ruas como espaço de lazer coletivo talvez seja a principal mudança social dos novos tempos).

Não bastasse o sedentarismo, os hábitos alimentares inadequados acentuam um problema já grave. Devido à correria do dia-a-dia, não se faz mais refeições com a tranqüilidade de outrora; come-se correndo, na rua. No lugar de verduras e legumes, lanches e salgadinhos. Ao invés de sucos, refrigerantes.

Realmente, não há como fugir de uma constatação óbvia: o ser humano sempre buscou o conforto e foi justamente esta busca que, paradoxalmente, tem lhe trazido os mais sérios problemas de saúde. Obviamente, não se trata de abrir mão da modernidade. Não se discute, porém, que é preciso mudar os hábitos. Hoje, tem-se uma sociedade doente.

PS: editorial feito para o Jornal de Limeira, publicado em 28/12/08

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Os mantos de um rei

Esta é para os fãs de esporte: dois mantos sagrados (um deles já esquecido no tempo), dois momentos de uma história, de uma vida, de um rei, expostos no Museu do Futebol, em São Paulo (não tão lado a lado assim). Uma exposição temporária sobre Pelé, que marcou a inauguração do museu, reuniu os uniformes do BAC, primeiro time do "atleta do século", e a mística camisa 10 do Santos Futebol Clube.

Por falar em esporte, na ocasião do título brasileiro do São Paulo, estava lendo uma retrospectiva das conquistas anteriores. Eis que o relato do título nacional de 1986 trazia a seguinte informação: "nas oitavas-de-final, (o Tricolor) despachou a Internacional de Limeira ao vencer no Morumbi por 3 a 0, depois de perder o primeiro jogo por 2 a 1, no campo rival)".

Bons tempos aqueles em que o Leão da Paulista disputava mata-mata de Brasileirão, vencia o futuro campeão em Limeira... Aliás, no ano em que o Vasco foi campeão brasileiro (contra o São Paulo), a Inter empatou com o time de São Januário (e era um timaço) por 2 a 2 no Limeirão. Grande jogo numa tarde ensolarada de domingo. Bons tempos...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008 | | 1 comentários

O dia que Limeira saiu no "New York Times"

Acho que muitíssimas pessoas não sabem o que vou contar: Limeira foi citada três vezes na história do "New York Times", o jornal de maior prestígio dos Estados Unidos e um dos maiores periódicos do mundo.


A primeira vez que a cidade apareceu nas páginas do jornalão norte-americano foi em um longinquo 20 de fevereiro de 1856. Era uma reportagem assinada por um correspondente do "Jornal do Comércio" que tratava de descobertas a respeito de uma doença.

A segunda menção já é do século 20. Datada de 8 de dezembro de 1929, ano da Grande Depressão nos EUA, a notícia falava sobre a produção de café e de outras culturas em São Paulo e a construção de um moderno centro de empacotamento em Limeira. "A modern packing house, machinery the United States, has been erected at Limeira..."

A terceira citação da cidade é mais "recente", de 13 de novembro de 1941. Ela dá conta do nascimento de quintuplos em Limeira e da posterior morte de três das crianças - sobreviveram um menino e uma menina. "Quintuplets were born to Senhora Agripina Bernes de Ulrich yesterday at Limeira, but this morning three boys died, leaving a boy and girl living".

Os arquivos do período de 1851 a 1980 do "NYT" estão na Internet. Muitos dos textos têm acesso livre, outros são restritos. As três reportagens que citam Limeira só estão disponíveis mediante pagamento. Custam US$ 3,95 (quase R$ 10) cada. Independentemente do valor, elas trazem histórias que muitos limeirenses desconhecem. Só por isso já valem o preço que se cobra.

Para quem quiser mais informações, o site do jornal é www.nytimes.com.

Nas mensagens nesta postagem há a tradução da reportagem sobre o café, feita com ajuda da jornalista Mariele Parronchi.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Imagens do Brasil

"Domingo passado, enquanto esperava a chamada dos eleitores, saí à Praça do Duque de Caxias (...) e comecei a passear defronte da igreja matriz da Glória. Quem não conhece esse templo grego, imitado da Madalena, com uma torre no meio, imitada de coisa nenhuma? A impressão que se tem diante daquele singular conúbio, não é cristã nem pagã; faz lembrar, como na comédia, 'o casamento do grão-turco com a República de Veneza'. Quando ali passo, desvio sempre os olhos e o pensamento. Tenho medo de pecar duas vezes, contra a torre e contra o templo, mandando-os ao diabo, com escândalo da minha consciência e dos ouvidos das outras pessoas."
("A Semana", 6/11/1892)

Se tem algo que não considero gasto, e sim investimento, são os livros. Não ligo em aplicar dinheiro nessas preciosidades.

Ontem, por exemplo, fui dar um passeio pelo Shopping Iguatemi, em Campinas. Tinha uma compra certa em mente: um tênis - ou mais precisamente um "sapatênis", esta nova modalidade que inventaram e que resultou até em um neologismo. Comprei o dito-cujo. Durante o passeio, obviamente que não resisti a uma passagem pela Livraria Cultura. E eis que me deparo com duas preciosidades, uma delas pesando alguns quilos e com um preço um tanto salgado.

Olhei, informei-me, descobri um desconto bem generoso (25%). Decidi: agora está em minha coleção o mais novo lançamento assinado por Pedro e Bia Corrêa do Lago. "Um tesouro inédito de mais de mil imagens do Brasil finalmente revelado. O maior livro sobre a fotografia oitocentista brasileira", cita a apresentação do livro. Trata-se de "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do século XIX".

O livro é isto mesmo: a coleção particular de fotos da princesa Isabel, regente do Brasil. Há muitas fotos de família, de amigos, de viagens pelo mundo e, claro, do Rio de Janeiro e de alguns rincões do Brasil, como Pará e Manaus. De fato, uma preciosidade, uma viagem pelo tempo e pela história.

A outra aquisição eu já conhecia, trata-se também de um lançamento - que mereceu elogios da crítica. "A olhos vistos - uma iconografia de Machado de Assis" foi organizado pelos pesquisadores Hélio de Seixas Guimarães e Vladimir Sacchetta. O livro traz a peculiaridade da visão machadiana por meio de imagens. No ano de Machado, uma bela homenagem. É uma forma diferente de apresentar aquele que foi, sem dúvida, o maior escritor brasileiro. Foi não, é!

Obviamente, o foco do livro é o Rio de Janeiro machadiano - a foto que ilustra esta postagem, por exemplo, mostra a Matriz da Glória (pág. 114). A apresentação é cronológica, o que confere um certo didatismo à obra. Há fotos interessantíssimas, como a de uma ressaca marítima, ilustrada por um trecho de "Esaú e Jacó" (1904).

É, pois, uma obra-prima à altura de Machado. E ele merece!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Um novo consumidor

Desde que vi uma palestra sobre publicidade recentemente, interessei-me por comportamento do consumidor. Li uma interessante reportagem na revista "Giro" (edição 10, ano 3), do Ibope, sobre o consumidor do século 21. Trata-se dos resultados de uma ampla pesquisa feita, claro, pelo Ibope Mídia.

A reportagem é aberta por uma frase interessante do filósofo francês Gilles Lipovetsky: "O consumo é um dos raros fenômenos que conseguiu modificar tão profundamente o modo de vida, os gostos, as aspirações e o comportamento da maioria das pessoas num intervalo de tempo tão curto".

Segundo a professora de marketing da FGV, Martha Savastano, o consumidor do século 21 é bem informado, autônomo e pode decidir sobre si mesmo. "Ele busca discursos verdadeiros, autênticos e faz questionamentos sobre os produtos", disse ela à revista.

Mas, afinal, a que conclusões o estudo chegou? Seguem algumas:

- as mulheres fazem mais compras do que os homens;
- os brasileiros estão comprando mais (há seis anos, 60% faziam compras; hoje, são 67%);
- as lojas de rua ainda são as mais freqüentadas (83% de preferência);
- há uma tendência favorável ao consumo consciente, embora muitas pessoas não pratiquem o que dá trabalho (mas cobram isso dos outros);
- três aspectos influenciam o consumidor: mídia, ponto-de-venda e relacionamento;
- experiência anterior e família são as principais fontes de informação na decisão de compra. A amizade também conta nesse aspecto;
- 51% evitam andar com talões de cheque ou cartões de crédito para não gastar;
- o uso do cartão tem crescido: a posse passou de 27% para 38% em seis anos;
- o consumidor está mais exigente (o número de atendimentos no Procon subiu de 285 mil no ano 2000 para 516 mil em 2007);
- 56% consideram que a forma como aproveitam o tempo é mais importante do que o dinheiro que ganham - este é um sintoma dos tempos modernos;
- características regionais influenciam o consumidor (no Sul, por exemplo, lê-se mais).

Para quem tiver interesse, o estudo completo está disponível no site www.ibope.com/consumidor. Foi de lá que eu retirei, inclusive, a imagem que ilustra esta postagem.

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Uma lição

Se você está disposto a "perder" 6min42, assista a este vídeo, gravado durante a Eco 92, no Rio. E repense seu modo de viver! Se você tem filhos, veja se você realmente os ama...

Em tempo: lembre-se que este vídeo foi gravado há 16 anos, quando aquecimento global ainda era coisa de ambientalista desocupado...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008 | | 1 comentários

As vias e os horizontes

Decididamente, 2008 representa o fechamento de um ciclo na minha vida. Falo isso porque duas situações recentes me fizeram lembrar de uma conversa tida exatamente há dez anos, numa noite fria de julho num restaurante em Buenos Aires. Estávamos meu pai e eu com uma família oriunda do Interior de São Paulo, como nós, mas que há tempos vivia em Brasília. O jovem senhor, no meio da conversa, ao falar da opção pela Capital Federal, fez o seguinte comentário:


- Brasília tem avenidas largas, isso amplia os horizontes.

Confesso que na ocasião não entendi direito. Claro que entendi o que ele quis dizer, só não consegui visualizar a relação de causa-efeito sugerida. Achei até besteira. De alguma forma, porém, isso ficou na minha cabeça.

Dez anos depois, ao passar pela primeira vez no trecho recentemente duplicado do Anel Viário entre o Parque da Cidade e o Jardim Florença, ainda sem demarcação de solo, compreendi exatamente o que aquele jovem senhor disse. Entrei na via, olhei para frente e vi o horizonte. Ou melhor, não o vi. Vi apenas o infinito, além de uma pista larga que parecia a de um aeroporto.

Isso desperta uma excelente discussão filosófica: de fato, o meio influencia o homem?

Sim, hoje eu tenho certeza que grandes vias ampliam os horizontes. Elas despertam um efeito psicológico, que se reflete no comportamento. Uma vez com horizontes ampliados, os projetos, as ações, os desejos também se ampliam.

Obviamente que para grande parte das pessoas, uma grande via é apenas isso, uma grande via. Portanto, voltando à discussão filosófica, não se trata apenas do meio influenciando o homem, mas também - e principalmente - do modo de ver.

E por que no início desta postagem eu fiz referência a duas situações recentes? Porque a segunda delas está diretamente ligada a isso, à amplitude de horizontes, a como o meio pode limitar o ser humano.

PS: há muita gente feliz em ambientes limitados, em situações limitadas. Não há nenhum mal nisso. Para quem quer mais, porém, não dá. Nestes casos, dizer-se satisfeito é estar acomodado. E a acomodação traz consigo sempre uma falsa felicidade.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Aquele abraço!

Fiquei com vontade de escrever sobre o abraço.
Para mim, o mundo deveria ser movido a abraços.
Se ao invés daqueles frios cumprimentos formais os chefes de Estado trocassem abraços, as relações talvez fossem menos superficiais.
As pessoas deveriam se abraçar mais.
Os abraços permitem trocar energia.

Mas as pessoas resistem aos abraços.
Não sei exatamente o motivo.
Às vezes acho que é vergonha.
Outras vezes acho que é superficialidade mesmo.
Acho que muitas pessoas vivem na superficialidade.
Eis o pior dos mundos, o daqueles que não se envolvem com nada.

Abraços de pais e filhos.
Abraços de amigos de verdade.
Abraços de namorados.
Abraços de irmãos.
Abraços de colegas de trabalho.
Abraços de quem nunca se viu.
Abraços.

É o que eu desejo.
Abraços.

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Arte, vida e ilusão

A vida é uma arte.
E se 50% do que eu tenho ouvido for sincero e real, muitas pessoas estão infelizes e algemadas.

A vida é uma arte.
Pena que muitas pessoas prefiram levá-la de um modo blasé.

A vida é uma arte.
E é feita de encontros e desencontros. Algumas vezes não damos valor ao encontro, que nunca mais se repetirá, ou achamos que o desencontro foi fortuito quando ele pode ser eterno.

A vida é uma arte.
Não, não é um jogo - embora seja preciso aprender a vencer e a perder.

A vida é uma arte.
E esta arte pode ser vivida só ou com outros, depende de cada um.

A vida é uma arte.
E nem todos são artistas o suficiente para vivenciá-la.

A vida é uma arte.
A arte de cair e levantar, quantas vezes for preciso.

A vida é ilusão.
Porque nela tudo passa, tudo é efêmero, e as pessoas aceitam isso com naturalidade.

A vida é uma ilusão, a ilusão é uma arte, a vida é uma arte.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008 | | 2 comentários

Tensão e catarse no ar

A novela "A Favorita" está provocando tensão. Assisti ao capítulo de segunda-feira e fiquei "cansado". Fui falar com minha mãe e a sensação dela era a mesma. Ou seja: a novela consegue mexer com os nervos, com os sentimentos. Pode parecer banal, mas não é. Este aspecto é o que dita o sucesso ou o fracasso de uma produção - o envolvimento emocional do público.


Comecei a ver "A Favorita" desde o começo. Depois, por questões de horário, desinteressei-me. Agora, voltei a vê-la. Não se trata, obviamente, da melhor novela de todos os tempos - talvez nem pretenda ser. Não se nega, porém, que João Emanuel Carneiro tem um texto primoroso. Saborosamente primoroso. Não há diálogo desperdiçado, como não há trama desperdiçada. "Ele não economiza trama", observou a atriz Patrícia Pillar no "Domingão do Faustão" de anteontem. Segundo ela, é a novela-tanquinho, não tem barriga, enrolação. Quando se pensa que acabou, tem mais.

Claro que, como toda trama, há várias licenças artísticas. Apesar de tantos crimes, por exemplo, a polícia é inexistente. A investigação fica mesmo a cargo do super Zé Bob, o "ídolo" de todos os jornalistas.

Voltando ao principal, os capítulos dos últimos dias têm sido especiais. A cena da morte do Gonçalo foi primorosa; a do reencontro dele com o neto desaparecido há anos, idem; a explosão de raiva do Halley no capítulo desta segunda-feira foi chocante.

Em meio a tanta coisa boa, há um ator/personagem que está roubando a cena. O Silveirinha, vivido por Ary Fontoura, é o cinismo em pessoa. No capítulo de ontem, houve uma cena exemplar - e que indica o capricho de toda a produção, a atenção ao detalhe, o refinamento. Flora comemorava sua indicação ao conselho da empresa quando prometera recompensar seus aliados. Silveirinha perguntou o que ela lhe reservava. A resposta, cínica: um uniforme novo e um aumento. Eis que Flora fica sabendo da ida de Halley ao rancho, tem um acesso de raiva e atira a taça de champanhe contra a parede. Sutilmente, Silveirinha (que acabara de ser humilhado) leva sua taça de champanhe à boca. Perfeito! Simples e complexo. Paradoxal.

Há que se registrar também o desempenho de Patrícia Pillar. O olhar dela ao abraçar Irene (Gloria Menezes) após ser convidada para integrar o conselho da empresa foi algo fabuloso, digno de análise psiquiátrica.

"A Favorita" lida com os mais sórdidos sentimentos humanos. E desperta no telespectador estes sórdidos sentimentos, ou como diria Roberto Jefferson, os instintos mais primitivos. Como novela é uma catarse coletiva, como já escreveram os especialistas, ninguém sairá por aí colocando em prática instinto algum. Graças a Deus!

Como eu não gosto de mocinhos e bandidos, se eu fosse o autor, encerraria a trama com a Flora bem de vida, morando em Paris, encontrando o Dodi (Murilo Benício) e ambos iniciando um novo ciclo de trapaças. Como a teledramaturgia não é assim, é bem provável que ela morra no final. Se assim for, prevalecerá a sensação de punição que satisfaz a nós, brasileiros, cansados de tanta impunidade - ainda que a "justiça" seja pura ficção.

Em tempo: será que, como Flora encanta muitas pessoas com sua aparente bondade, nós podemos também sermos encantados por pessoas desse tipo ao nosso redor? Existem "Floras" por aí?

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Mamma mia!

Jornalismo, gastronomia, viagem, raízes, história, beleza, Itália.

O "Globo Repórter" de sexta-feira conseguiu colocar tudo isso numa panela. O resultado foi perfeito. Num belo trabalho da também bela Ilze Scamparini, o programa abordou a dieta mediterrânea e seus benefícios. Para isso, trouxe as belas paisagens do sul da Itália, a terra dos meus bisavós (tudo bem, eles vieram do norte, mas ainda assim eram italianos).

Quem não viu, perdeu. Perdeu belas imagens, perdeu lições de vida, perdeu receitas fantásticas, perdeu roteiros de viagem, perdeu a Itália.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Vossa Mercê, você ou vc?

Em 1 de janeiro (portanto, daqui a alguns dias), entra em vigor a nova ortografia da Língua Portuguesa. Com o passar dos anos, a língua sofre modificações naturais, impostas pelo cotidiano, que a tornam mais prática, digamos assim. Desta vez, porém, as modificações vieram por força de "lei" - com base num acordo firmado entre países de Língua Portuguesa.

O acordo gerou polêmica do lado de cá e do lado de lá do Atlântico, mas esta é outra questão.

Gostaria de me ater nesta postagem às mudanças da língua impostas pela prática cotidiana. São elas que simbolizam de algum modo as mudanças da sociedade. No caso do Brasil, talvez poucas palavras sejam tão sintomáticas nesse sentido quanto "você".

O "você" tem origem, séculos atrás, ainda no Brasil Império, no "Vossa Mercê", um modo que hoje soa formal para tratar alguém não tão formalmente naquela época. As conversas cotidianas transformaram o "Vossa Mercê" em algo como "Vois Mercê". Daí para o "você" foi um pulo (algumas décadas, digamos). Na linguagem falada, porém, o "você" virou, na verdade, "cê".

E foi esta versão mais "econômica" que, nestes tempos modernos, em que a tecnologia impera, ganhou força. Nas conversas pelo computador, o "Vossa Mercê" de séculos atrás virou simplesmente "vc". Uma sociedade hierarquizada, imperial, escravocrata deu lugar a um estado republicano, democrático e liberal.

Até aí não há nenhuma surpresa. O curioso é constatar que essa forma ainda mais reduzida (e, acredito, a máxima redução possível) de "Vossa Mercê" começa a se incorporar à linguagem cotidiana, fora das telas dos computadores. Causou-se um misto de surpresa e perplexidade ver anteontem um cartaz numa loja em um shopping convidar "vc" a mandar um currículo.

Aos poucos, o que era linguagem de MSN e Orkut começa a ir para as vitrinas, para os textos, para os documentos e logo, logo o "vc" estará aí, em todos os lugares.

E "você" (ou "vc"), o que pensa disso?


PS: a imagem desta postagem foi tirada do Blog Brasil Acadêmico.

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Reflexões de fim de ano

Ontem, quinta-feira, foi um dia estranho. Não estava com a menor vontade de trabalhar – e falei isso para minha patroa... Ela aparentemente compreendeu. Estava - e estou - com necessidade de conversar e passei longos minutos conversando com dois amigos – e ambos compreenderam (embora ambos estivessem a fim de encurtar o papo).

Estes dias têm sido estranhos. Tenho pensando muito na vida. Efeitos do final de ano, que costumeiramente me deixa depressivo. Odeio final de ano. Não vejo sentido em nenhuma daquelas festas que as pessoas fazem, em que só se pensa em comer, comer, comer, beber, beber, beber, como se não houvesse amanhã. E há.

Estive pensando sobre a amizade. Ontem, um amigo não foi 100% sincero comigo. Sei que ele não foi, acho que ele sabe que não foi, e eu entendo as razões dele (embora não compreenda essa opção, já que se tem alguém em quem ele pode soltar os cachorros sou eu). Não foi nada demais, apenas um detalhe numa longa e proveitosa conversa. Ele até acabou dando um recado indireto, acho que de forma não proposital.

Mais tarde, um outro amigo mostrou, desnecessariamente, ser meu amigo. Não era preciso dar a prova que ele me deu (de quem se preocupa com um amigo), a amizade dele vale por si só, pelas cervejas compartilhadas, pela confiança, pelo papo, etc. Não, não era preciso se desculpar, não seria um alô em um dia que valeria mais do que todo o restante.

E um outro amigo sumiu. Entendo o sumiço dele, embora considere desnecessário. Será, porém, que ele se esqueceu dos amigos?

Ainda assim, tenho a maior admiração por esses caras. Conhecer as pessoas e o valor delas nos dá maturidade suficiente para entender que o fato de um não ter sido 100% sincero não faz dele menos amigo; que outro ter esquecido de me cumprimentar não faz dele menos amigo; que outro não ter me dado um alô sequer não faz dele menos amigo. Sabe por quê? Porque cada um tem seu valor, suas qualidades e defeitos.

Eu me orgulho de dizer que tenho esses caras como meus amigos. Quem dera cada pessoa pudesse contar com amigos assim. Porque eles sabem ouvir quando necessário, sabem aconselhar quando necessário, preocupam-se e demonstram ser amigos (embora muitas vezes não expressem isso).

Portanto, a esses amigos, eu digo: vocês valem muito!!!

Em tempo: há quem garanta ser amigo, repita isso insistentemente e até pergunte a razão de não acreditarmos nessa amizade. Eu respondo: amizade não se constrói só com palavras (embora, algumas vezes, não custe expressar por palavras o valor de um amigo). Uma amizade se constrói acima de tudo com atitudes. E estas, meu caro, são raras. Muito raras.

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Mensagens natalinas

Mais uma mensagem de Natal:

"Seja o que for que você possa fazer ou sonhe fazer, comece. A ousadia envolve talento, poder e sucesso. Feliz Natal e Próspero Ano Novo." (Da LDA Engenharia/Gustavo Lyrio)

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O relato de um show

Um colega jornalista, Paulo Silas, foi recentemente para o Canadá com um objetivo: assistir a um show da Tina Turner. Eu o encontrei ontem e perguntei da viagem. Ele me mandou um relato (o da viagem está no Piscitas, meu blog sobre turismo - www.rodrigopiscitelli.blogspot.com). Reproduzo a seguir as impressões dele - um fã da cantora - sobre o show (com a devida autorização do autor, claro).


Em tempo: eu não entendo nada da Tina Turner, mal sei o refrão de seu maior sucesso. Portanto, se o Paulo escreveu algum absurdo é só reclamar com ele hehehe.

"Quem mais pode cantar 'What' s Love Got To Do With It' aos 69 anos? Tina Turner estava lá, grandes efeitos pirotécnicos e um palco cheio de surpresas não apagaram sua performance roqueira dos anos 80. E claro que um bom grupo de músicos bem entrosados também ajudou a abrilhantar o show. Perante um público de 20 mil pessoas, ela dançou e cantou durante duas horas de apresentação. E, mesmo assim, não se intimidou em usar vestidos curtos para mostrar que continua em forma com quase 70 anos de idade. Sim, o belo par de pernas bem torneadas ainda estava lá, sobre os eternos sapatos salto-alto que sempre usou. O concerto foi apenas um de uma série de 85 shows pelo mundo. Haja fôlego."

PS: a foto também foi enviada pelo Paulo.

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Um abraço

Eu acabei de receber um abraço. Um abraço de verdade. Muitas pessoas ignoram ou subestimam o valor de um abraço. Algumas evitam abraços. Pois eu acho o abraço uma das coisas mais importantes no relacionamento humano - desde que seja verdadeiro. Ele permite uma troca de energia e isso é positivo.

Receber abraços sinceros é recompensador. Não é à toa que surgiu até um movimento global - que parece que começou na Austrália - cujo foco era sair abraçando todo mundo.

Para todos, muitos abraços.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 | | 1 comentários

É para mim!

Uhmmm, de chocolate!!!!

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O fim?

"Acabou tudo."

Assim minha mãe definiu um dos eventuais efeitos colaterais de uma nova fase que terei em 2009. Espero sinceramente que ela esteja errada. Temo que ela esteja certa. Isso só o futuro dirá. Nada melhor que o futuro para mostrar quem vale e quem não vale. Quem é amigo e quem não é amigo.

Agora resta esperar.

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Um suspiro

"Dedico o prêmio a todos os jornalistas. O oxigênio da profissão é a liberdade de imprensa."

Da jornalista Elvira Lobato, ganhadora do Prêmio Esso de Jornalismo - um dos mais importantes da área - pela reportagem "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", publicada em 15 de dezembro de 2007 no jornal "Folha de S. Paulo".

A reportagem provocou uma reação institucionalizada da Igreja Universal, que moveu - por meio de fiéis - 105 ações judiciais contra a repórter e a empresa que edita a "Folha". Detalhe: todas as ações, semelhantes, foram protocoladas em cidades muito distantes, em vários estados brasileiros. Até agora, o jornal e a repórter ganharam as 58 ações já julgadas.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Ronaldo e o fenômeno (da Internet)

Esse negócio de Internet realmente é fabuloso. Talvez seja a mais revolucionária das invenções humanas dos últimos tempos, comparada ao avião (?) ou ao próprio surgimento da imprensa (?). Mas sobre isso falemos em outra oportunidade.

Estou falando da Internet porque hoje ela mostrou todo o seu valor. Ainda pela manhã, um conhecido jornalista colocou em seu blog a informação dada por um diretor do Corinthians de que Ronaldo assinaria contrato com o Timão. Pouco tempo depois, o fato foi confirmado. Durante a tarde, já surgiam notícias a respeito da procura por camisas do Fenômeno em seu futuro time. Logo depois, ou concomitantemente, torcedores do Flamengo - clube de coração de Ronaldo, onde ele se recuperava de uma lesão e promete jogar um dia - protestavam queimando camisetas com apelos para que o atacante vestisse a camisa rubro-negra em 2009.

De imediato, o site do Movimento Fica Ronaldo (www.movimentoficaronaldo.com.br) apresentou os seguintes dizeres: "Agradecemos a todos os 158.000 rubro-negros que participaram desse movimento, mas, infelizmente o Fenômeno não ficou na Gávea". Tudo ao mesmo tempo agora! É tempo real, informações isoladas e aparentemente desconexas que vão se juntando (ou linkando, para usar um termo da área) para formar um contexto.

Muitas pessoas já estudaram e ainda vão estudar essa revolução comunicacional. Na sociedade em geral, acho que poucas pessoas se dão conta do que a Internet fez com o mundo. Fronteiras caíram, a vida privada desapareceu, Ronaldo foi para o Corinthians, a torcida do Flamengo protestou, tudo ao mesmo tempo agora...

PS: a foto foi captada do UOL.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Sifo ou sifu - uma questão silábica (só?)

"Não me incomoda muito que o presidente da república tenha usado a expressão 'sifo' num discurso no Rio. Conheço pessoas que estavam lá e ficaram revoltadas. Dou-lhes razão. Mas não me abalei muito. Me aborrece mais que todos os jornais do país, ao contar a história, tenham grafado 'sifu'. Não entendo a razão. Me parece que assim os jornais mostraram no mínimo tanta vulgaridade quanto Lula.

'Sifu', assim escrita, é uma palavra oxítona. O 'u' final cria o problema. Ele entrou aí porque palavras relativas a sexo são vistas como sujas: não têm história. O verbo que está abreviado na segunda sílaba da palavra composta não contém a vogal 'u': é 'foder'. Mas leio até em livros eruditos 'culhão' no lugar de 'colhão', 'buceta' no lugar de 'boceta' e 'fuder' no lugar de 'foder'.

'Sifo' é, assim escrita, a palavra paroxítona que o presidente pronunciou - e sua segunda sílaba é a primeira do verbo abreviado. Escrevê-la com um 'u' é transformar a primeira página dos jornais brasileiros em parede de banheiro suja de parada de ônibus. (...) Cariocas e baianos não escrevem 'chuveu' nem pernambucanos, 'cibola'. Não. 'Sifu' é uma indecência oxítona que a imprensa consagrou."

Fonte: "Obra em progresso", blog de Caetano Veloso.

PS: para quem não viu o que o presidente Lula disse em discurso num evento no Rio para justificar seu estímulo ao consumo pelos brasileiros, eis a pérola: "Imagine se um de vocês fosse médico e atendesse um paciente doente. O que você falaria para ele? 'Você tem um problema, mas a medicina já avançou demais. Vamos dar tal remédio e você vai se recuperar', ou você diria: 'Meu, sifu'!".

Pois é, acho que "sifu(demos)". Ou seria "sifo(demos)"?

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Mensagens natalinas


Como gosto de retribuir o que desejam para mim, aí vai:

"Que o Natal seja para você uma porta de entrada para mais um ano de vitórias e de muitas conquistas. E que haja em sua vida novas oportunidades, muitos recomeços e, principalmente: crescimento, paz, sucesso e amor. Boas Festas!" (Do Senai)

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O futebol, o Brasil e a meritocracia

"Há ainda um cheiro de pré-história sob vários aspectos quando se trata da organização do esporte mais popular do país. Mas também são inegáveis alguns avanços no futebol.

A conquista do campeonato brasileiro de 2008 pelo São Paulo Futebol Clube ajuda a disseminar no Brasil um valor quase inexistente no país: a meritocracia. Vence quem se esforça e trabalha mais ao longo de todo o campeonato.

Os torcedores de outros times ficam chateados, claro. Reclamam do gol irregular do SPFC no jogo de ontem, contra o Goiás, na vitória por 1 a 0 (o atacante Borges estava impedido). Fala-se também que o SPFC não jogou um futebol dos sonhos ao longo da competição (é verdade).

Os mais atentos também deverão notar que os erros de arbitragem ocorreram para todos os lados no campeonato. Para citar apenas um, em 17 de agosto, o Grêmio ganhou do São Paulo por 1 a 0 com um gol de Perea também totalmente impedido.

Sobre jogar um futebol mais vistoso, cheio de lances "a la seleção de 82", a pergunta que fica é: qual equipe no futebol hipercompetitivo de hoje consegue atuar dessa forma? Resposta: nenhuma.

Tudo somado, a vitória do São Paulo representa a premiação, por mérito, à equipe que mais se preparou e se organizou para vencer. O SPFC gasta R$ 12 milhões por ano em um centro de treinamento fora da cidade de São Paulo, onde treinam cerca de 400 garotos. O técnico do SPFC, Muricy Ramalho, é um dos mais longevos no cargo no Brasil, mostrando que a regularidade administrativa é um valor necessário não apenas em governos e empresas, mas também no esporte.

Antes, o futebol era cheio de octogonais e quadrangulares decisivos. Havia rebolos, repescagens e chances de viradas de mesa. Equipes completamente desorganizadas, sem interesse pelos treinos diários, acabavam vencendo um ou dois jogos no final do ano e sagravam-se campeãs.

Nos últimos seis anos, equipes tradicionais tiveram de se submeter a uma passagem pela segunda divisão do futebol. Palmeiras, Grêmio e Corinthians são exemplos de superação. Devem ser aplaudidos. Desceram e subiram pelos seus próprios méritos. Mereceram cair. Mereceram subir. Assim deve ser em todos os setores da sociedade.

Alguns classificarão de sociologia antropológica de botequim, mas há uma mensagem relevante no futebol. No passado, com a bagunça de campeonatos com 40, 60 e até 100 times, chaves coloridas e vale-tudo no final, a mensagem era: não adianta trabalhar duro todos os dias; no Brasil, no final sempre dá-se um jeitinho de obter uma vitória "no talento" (sic).

A imensa maioria dos brasileiros ama o futebol. O sistema de disputa dos campeonatos nacionais exerce grande influência sobre uma massa enorme de pessoas. A bagunça reinante no passado deseducava os cidadãos por exalar um péssimo costume: "Trabalhar e se esforçar para quê? Quando chegar a hora 'h', a gente sempre dá um jeito".

Pelo atual modelo de pontos corridos (iniciado em 2003...), é sempre enorme a chance de o campeão ser o que mais se prepara e o que tem a estrutura mais séria. Todo jogo é importante. Todo dia é dia de trabalho. Para ser campeão brasileiro de futebol agora é necessário jogar todas as partidas como se fossem a última (comento no final as últimas suspeitas de fraude nas arbitragens).

Milhões de brasileiros humildes têm no futebol uma de suas únicas alegrias. Agora, de maneira subliminar, esses mesmos brasileiros podem enxergar no esporte algo além do jogo. As disputas entre os 20 times da elite do futebol são também um exemplo de como o mais aplicado acaba, quase sempre, premiado ao final.

A possibilidade de cair para a segunda divisão e voltar pelo seu esforço próprio é também um incentivo a todos os brasileiros.

Acostumado a fazer a cobertura da política brasileira, recheada de casuísmos e fisiologia, é alentador ver o futebol dar um exemplo de continuidade e regras claras.

Tudo isso não é pouca coisa. A meritocracia é uma característica vital de sociedades desenvolvidas. É bom que no Brasil comece a vigorar exatamente na mais popular de todas as manifestações culturais, o futebol."

Do blog de Fernando Rodrigues, jornalista e colunista da "Folha de S. Paulo". Em tempo: o autor torce para o São Paulo.

domingo, 7 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Um tesão... de cerveja

Um amigo me apresentou recentemente à Devassa: "Muito prazer!". "Prefere uma negra, uma ruiva ou uma loura?" Ele me mandou as três! Este amigo as conheceu no Rio. Lá, experimentou as três versões (na verdade são quatro, tem também a índia). Gostou do que provou. Pudera. Por mais que eu tenha notado uma certa predileção dele pela ruiva, ele não abre mão de nenhuma delas.


Quando este amigo me colocou de frente com o trio, fiquei surpreso - alguns presentes nos surpreendem. Prometi que colocoria para gelar e que dividiríamos o conteúdo. Antes disso acontecer, porém, fomos surpreendidos pela chegada da Devassa ao Maverick (e só podia ser lá). Não teve jeito: insisti para que uma ruiva viesse à nossa mesa.

Muitas pessoas tomam diariamente louras geladas por aí, mas uma ruiva gelada é um pouco mais rara. Pois as três me esperam! A Devassa é, como diz sua propaganda, um tesão de cerveja. É nela que "os mestres de outras cervejarias vêm buscar o que não encontram dentro de casa".

PS: além de ser um tesão de cerveja, a Devassa tem responsabilidade social. Colocou em suas bolachas uma mensagem educativa: "Tomou todas? Toma um táxi".

Em tempo: ficou com vontade? Quem manda não ter amigos assim!

* A foto é da propaganda feita pelo Maverick.

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O amor e o poliamor

Há algum tempo tento transmitir algumas idéias e encontro dificuldades. Pois foi num livro de cunho científico que encontrei uma saída para uma dessas idéias. O texto fala melhor do que eu:

"A antropóloga Helen Fisher, em Por que Amamos, exprimiu lindamente a insanidade do amor romântico, e quão exagerado ele é se comparado ao que seria estritamente necessário. Observe comigo. Do ponto de vista de um homem, por exemplo, é improvável que qualquer mulher que ele conheça seja cem vezes mais desejável que suas concorrentes, mas é assim que ele a descreverá quando 'apaixonado'. Mais que a devoção monógama fanática a que somos suscetíveis, uma espécie de 'poliamor' seria mais racional. (O poliamor é a crença de que é possível amar vários integrantes do sexo oposto simultaneamente, assim como se pode amar mais de um vinho, um compositor, um livro ou um esporte.) Aceitamos sem problemas que somos capazes de amar mais de um filho, mais de um progenitor, mais de um irmão, mais de um professor, mais de um amigo ou mais de um animal de estimação. Pensando assim, a exclusividade total que esperamos do amor conjugal não é esquisita?"

Fonte: "Deus, um delírio", de Richard Dawkins, Companhia das Letras, p. 244.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Manias

Tenho algumas muitas manias. Não posso ver linhas, cantos, palavras, etc, que saio contando e buscando organizações. Nunca consultei um especialista para saber se isso chega a ser TOC, transtorno obsessivo compulsivo. Quem convive comigo sabe do que eu estou falando. Desde pequeno, por exemplo, nunca consegui sair de um banho sem antes molhar todas as paredes do box igualmente até o fim do azuleijo acima da minha cabeça. Hoje, não consigo iniciar um banho sem antes arrumar lado a lado os xampus.

Quer mais? Quando fazia o fechamento do Jornal de Limeira, não ia embora sem antes organizar os disquetes da Redação de modo que eles ficassem dispostos da seguinte forma: um de chapinha preta, outro de chapinha prata, um de chapinha preta, outro de chapinha prata... Ou dois a dois, três a três...

Bem, não vou ficar aqui enumerando todas as minhas manias. Nem sequer estou escrevendo esta postagem para falar delas. O motivo é outro. É que outro dia, ao receber um material no Jornal de Limeira, fiquei feliz ao ver que não sou o único "louco". O governador José Serra (PSDB) admitiu em um evento da Associação Paulista de Jornais (APJ) ser cheio de manias. Uma delas, tal como ocorre comigo, é uma certa aversão à assimetria.

"Detesto assimetria, detesto. Se estou em reunião com secretários e há um grupo maior de um lado que de outro da mesa, fico nervoso, tenho que pedir para que eles mudem de lugar. É um horror. Agora mesmo estou incomodado nesta mesa porque duas pessoas levantaram e ficou assimétrico", disse, conforme registro de uma equipe da APJ.

Que bom, não estou sozinho "neste mundo". Quem sabe um dia eu até vire governador?

PS: escolhi Mondrian para ilustrar esta postagem. Achei que fazia algum sentido...

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Muito obrigado!

"Chega de saudade,
a realidade é que sem ela não há paz,
não há beleza é só tristeza
e a melancolia que não sai de mim,
não sai de mim, não sai..."

("Chega de Saudade", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

"Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar"

( "Fotografia", de Tom Jobim)

>>> Duas homenagens necessárias nesta sexta-feira, 5 de dezembro. Talvez elas soem incompreensíveis, não importa. Valem como um muito obrigado! E chega de saudade...

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O reino encantado

A rainha foi ao Parlamento. Faz parte das tradições da monarquia inglesa. Confesso que admiro o glamour dos palácios e títulos e a tradição secular (ou milenar em alguns casos) desse tipo de regime, mas não consigo entender como, em pleno século 21, uma sociedade pode pressupor haver pessoas que valem mais do que outras.

Por isso, entre a admiração por alguns aspectos e a incompreensão por outros, resta a consideração da monarquia como uma alegoria. Uma alegoria com contornos curiosos. Por exemplo: a ida da rainha Elizabeth 2ª ao Parlamento inglês restringiu-se à Câmara dos Lordes (a alta). Ela enviou um emissário para convocar os chamados "comuns" (deputados) para que participassem da solenidade.

Monarquia à parte, a rainha foi ao Parlamento ler uma série de projetos de lei do primeiro-ministro Gordon Brown. Entre eles estão a volta da classificação de clubes noturnos com strip tease e mulheres seminuas na mesma legislação que regula a prostituição e a limitação de descontos oferecidos pelos bares em bebidas alcoólicas nas "happy hours" para combater a violência relacionada ao alto consumo de álcool.

Ou seja: a terra da rainha ameaça se tornar chata. A Inglaterra já é toda certinha - o que não quer dizer chata, pois transpira vanguarda. Se alguns devaneios foram restritos, porém, corre risco de fazer jus a rótulos que eventualmente recebe. Como o de ser chata.

Em tempo: se há um rótulo - ou melhor, uma expressão - que é perfeitamente compreensível após uma passagem pela Inglaterra é o tal "para inglês ver". Se você duvida, vá até lá e fique horas lutando por espaço em frente ao Palácio de Buckinghan para ver a tal troca da guarda pontualmente às 11h. Faça isso e entenderá de onde surgiu a expressão "para inglês ver"...

PS: as fotos são da AP e foram retiradas do UOL.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008 | | 2 comentários

Um vôo azul (entrando para a história)

Participei ontem de uma experiência interessente. Estive no vôo inaugural da Azul Linhas Aéreas, em Campinas. Foram 45 minutos que se eternizaram. Entre os presentes, a sensação era a de fazer parte da história da nova empresa. Alguns mais exagerados diziam, em tom de brincadeira, que estavam entrando para a história da aviação.


O EMB 190 da Embraer decolou exatamente às 10h27. Mal subiu e já fez uma curva acentuada à direita. Atingiu 12 mil pés de altura, foi até a região de Botucatu (SP) e retornou ao Aeroporto de Viracopos.

Este foi meu 30º vôo (incluindo o primeiro deles, feito no que chamamos em Limeira de "teco-teco"). Alguns desses vôos foram curiosos, como o que fiz de Campinas para São Paulo (Viracopos-Congonhas). Ou este da Azul, de Campinas para... Campinas. Além deste fato inédito, também foi novidade voar num Embraer, uma boa aeronave.

Em breve, milhares de pessoas poderão voar pela Azul. Pouquíssimas, porém, terão o certificado de participação no vôo inaugural da companhia. E inaugural mesmo (porque a iniciativa ocorrida em Campinas está sendo levada a outras cidades) é um privilégio de uma centena de pessoas. Eu estou entre elas. Sim, entrei para a história. Ao menos para a história da Azul.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008 | | 0 comentários

Vocação

"O primeiro compromisso de um repórter é ir atrás da história para os leitores, e esta é a razão de muitos aniversários perdidos ou casamentos desfeitos. 'Ser repórter é uma vocação', conclui Deborah."

A Deborah em questão é Deborah Howell, ombudsman do "The Washington Post". Retirado do artigo "Para ser um bom repórter".

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Visionário

"Claude Lévi-Strauss, o antropólogo francês, está fazendo 100 anos. Em 1935, ele era um jovem marxista com uma visão mecânica da vida, como tantos. Mas veio para o Brasil, embrenhou-se no mato com os nossos bororos e nambiquaras, comeu do cru e do cozido, e isso abalou suas certezas. Em 1955, a experiência rendeu-lhe um livro, "Tristes Trópicos".

Nos anos 50, Lévi-Strauss já acusava o homem de ser o vilão da ecologia, quando os dicionários ainda não tinham chegado a um acordo nem sobre o significado da palavra. Contrariando o espírito da época, também nunca aceitou a idéia de que, com a alfabetização em massa, o progresso da humanidade seria fatal -quem éramos nós para sair alfabetizando populações que viviam tão bem sem o alfabeto?

Por defender a necessidade de preservar as identidades étnicas e culturais, combateu a idéia da globalização ainda no berço. Para ele, a globalização conduziria à uniformização, à anulação das diferenças -e o fim das diferenças levaria à indiferença, que é uma das piores pragas que poderiam nos afligir. Pois é o que está acontecendo, e bem que ele avisou."

"Lévi-Strauss a dois", de Ruy Castro, quarta-feira (26/11), "Folha de S. Paulo"

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Mais um carro

Nossa, o Salão do Automóvel já ficou lá para trás e eu ainda não postei meu último vídeo. Como carro sempre interessa, aí vai:

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Outro

Atenção, outro blog de um aluno: www.oportalddonson.blogspot.com. Quem o define é o próprio autor, Daniel Marcolino: "é direcionado especialmente para quem gosta de leituras".